Além dos problemas ambientais, evento teve em pauta temas relacionados ao desenvolvimento urbano
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6ª Conferência Municipal acontece em várias cidades do Brasil (Foto: Divulgação) |
No último fim de semana, 17 e 18 de Junho, foi realizada 6ª Conferência Municipal de Bauru. O evento teve como propósito promover a interatividade entre os gestores públicos e os diversos segmentos da sociedade a fim de promover a partição pública no desenvolvimento urbano. A 6ª Conferência é organizada em todo o Brasil e permite que as cidades participem da discussão do planejamento nacional das cidades.
Nesse ano, a conferência teve como tema “A Função Social da Cidade e da Propriedade: cidades inclusivas, participativas e socialmente justas”. De acordo com o Conselho de Cidades, o tema tem o intuito de fomentar a discussão do conceito da função social da cidade e da propriedade, temas que ainda são pouco assimilados pela sociedade.
Abertura é marcado por protestos
A abertura do evento foi feita na sexta-feira (17), no auditório João Paulo II, na Universidade do Sagrado Coração (USC). O dia foi marcado pela votação para a aprovação do regimento da Conferência, algumas falas de integrantes do poder público e um protesto contra o aumento da tarifa do ônibus no município de Bauru.
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Manifestantes seguraram cartazes que questionam o aumento da tarifa do transporte público em Bauru (Foto: Adriano Arrigo) |
Além disso, os participantes do evento puderam assistir uma palestra que abordou e esclareceu os temas mais importantes da conferência, como a importância do Plano Diretor Participativo e da função social. A palestra foi ministrada pela arquiteta urbanista Letícia Kishner, representante do Instituto Soma.
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Letícia Kishner explica o que é função social (Foto: Adriano Arrigo) |
Segundo dia teve discussões específicas, incluindo Meio Ambiente
O segundo dia do evento foi divido em mesas temáticas. A discussão sobre o meio ambiente foi colocada na mesa temática 1 – Meio Ambiente e Agricultura. Os subtemas discutidos foram o zoneamento rural de Bauru, loteamentos irregulares na zona Rural e arborização da área urbana.
A mesa temática contou com treze pessoas presentes, mas apenas três que não eram do próprio poder público de Bauru. Assim, a discussão norteou-se nas medidas referente às legislações ambientais que a prefeitura já está encaminhando e que também já foram levantadas no fórum de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica e do Cerrado.
O subtema sobre loteamentos irregulares e zoneamento rural foi um temas polêmicos devido seu impacto socioambiental. Bauru possui muitas chácaras sem licenciamento regular, o que preocupa o poder público de Bauru. Sem esse licenciamento, os próprios proprietários acabam criando estradas irregulares no local, causando um alto impacto ambiental.
Um exemplo dessas chácaras são as que estão localizadas no bairro Estância Águas Virtuosas, à 10 km do centro de Bauru. O local onde esse bairro foi construído também é o local da nascente do Rio Batalha, um dos principais rios que abastece a população de Bauru. É necessário que haja a fiscalização para que essas nascentes não sejam contaminadas ou assoreadas com o descarte de lixo irregular e com a influência das fossas sépticas dessas chácaras.
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Tratores da Secretária de Obras recuperando ruas de terra na Estância Águas Virtuosas (Foto: Prefeitura de Bauru) |
Por último, a arborização da área urbana foi discutida e sua importância para o município foi unânime entre os presentes devido o fato das árvores serem paredões de ruídos, resfriarem o asfalto e sequestrarem grande número de poluentes nos centros urbanos aumentando a qualidade de vida dos bauruenses.
Porém, Luiz Carlos de Almeida Neto, diretor de divisão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA) salientou que, infelizmente, a cultura do bauruense é de não gostar de árvore devido aos “transtornos” que elas causam, como o entupimento de calhas e sujeira de ruas.
O que falta para a arborização de Bauru?
Além do problema cultural, poucas pessoas enxergam os prós de plantar uma árvore. Para Luiz Carlos, essa falta de conhecimento começa já na escola, local onde deveriam ser abordado temas ligados a educação ambiental. A população não está estaria instruída para fazer o plantio de árvores em calçadas e vias públicas de forma correta.
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Exemplo de um plantio inadequado, embora o asfalto embaixo da árvore esteja seco, comprovando sua eficácia como interceptora das águas das chuvas.(Foto: Plano de Saneamento Municipal de 2014) |
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Projeto Fruto Urbano instruindo crianças a plantarem árvores. (Foto: Fruto Urbano/Facebook) |
Miguel Axar, um dos fundadores do projeto, comentou no encontro a importância do Fruto Urbano. “Chegamos a reunir 200 pessoas a cada plantio coletivo que organizamos, que acontecem ao menos uma vez por mês em Bauru e outros municípios. São pessoas, incluindo crianças, que estão sendo colocadas em contato com o plantio de árvores, em um contexto de educá-las e sensibilizá-las quanto à importância de um relacionamento mais responsável com a natureza”, afirma Miguel. O ativista ainda propôs que um programa de arborização do município fosse elaborado, implementado, divulgado e que sua revisão fosse periódica.
Encaminhamento das discussões
As discussões seguem agora para as preparatórias estaduais que serão realizadas entre 1º de novembro de 2016 e 21 de março de 2017. A 6ª Conferência Nacional das Cidades será realizada no período de 05 a 09 de junho de 2017.