O carvão vegetal tem se destacado por diminuir emissão de metano e os efeitos da agricultura extensiva
Não é novidade para ninguém que a agricultura extensiva é responsável por uma das maiores degradações ao meio ambiente. Atualmente, existem mais de 1 bilhão de cabeças de gados pelo mundo, e o Brasil lidera esse ranking com cerca de 220 milhões de animais.
O consumo de carne está intrinsecamente ligado a gastos exorbitantes de água e grãos. Ao ingerir os alimentos o gado libera uma grande quantidade de metano (CH4), um gás cerca de 25 vezes mais nocivo do que o dióxido de carbono (CO2) que potencializa o efeito estufa e consequentemente o aquecimento global.
Recentemente, uma série de estudos tem chamado atenção sobre um material que tem mostrado bom desempenho quanto a diminuição de metano: o biochar. Ele tem sido adicionado à ração de ruminantes, com a intenção de reduzir a emissão do gás.
O biochar é produzido através da pirólise, que é a combustão sob pouca quantidade de oxigênio em temperaturas baixas. Sendo então um processo de alta estabilidade da biomassa, que podem ser materiais orgânicos que provavelmente seriam descartados. O uso destes resíduos carbonizados tem crescido como forma de aumentar a fertilidade do solo.
O processo da formação do biocarvão acontece através do rearranjo dos átomos de carbono, tornando-o mais poroso. Geralmente relacionamos o material aos solos que tem origem antropogênica, porém, estes solos são formados ao longo de milhares de anos, havendo assim, uma reposição orgânica constante durante este tempo.
Os pesquisadores associam o biocarvão à Terra Preta de Índio, um solo com alta fertilidade, formado através da decomposição e matéria orgânica, como restos de plantas e animais que ali habitavam.
Atualmente, podemos encontrar no carvão vegetal — aquele mesmo que usamos para os dias de churrasco — um possível biochar. Além do carvão vegetal, podemos encontrar no bagaço de cana, casca de arroz e resíduos vegetais no geral, propriedades que atuem como o biochar.
O biochar tem a propriedade de transformar o solo no qual é depositado, capturando o carbono atmosférico e depositando-o no local por um longo período de tempo. Entre as hipóteses, uma delas afirma que ele é uma substância carbono negativa e age diminuindo o carbono no meio, ao invés de apenas neutralizar. Já por outra linha de raciocínio, o biochar pode favorecer o crescimento de comunidades microbianas.
Mas que história é essa de “Ciclo do Carbono”?
O ciclo do carbono é um ciclo biogeoquímico e é o processo responsável pela reciclagem do elemento. Este processo pode ser explicado como dois ciclos que acontecem em diferentes velocidades. O primeiro deles é o ciclo geológico, que ocorre em uma escala de milhões de anos e é responsável por movimentar o carbono na atmosfera, hidrosfera e litosfera.
Já o segundo, o ciclo biológico do carbono, está relacionado com todos os seres vivos em nosso planeta. As plantas, ou organismos que realizam fotossíntese, são as responsáveis por transformar o CO2 retirado da atmosfera em oxigênio. Neste processo, o carbono é a matéria-prima para que sejam feitas moléculas orgânicas.
Os seres humanos e outros animais precisam destas moléculas orgânicas para sobreviver, transformando o oxigênio (O2), em CO2. A transformação acontece através de dois processos, o de respiração e o de decomposição.
No primeiro, o ser utiliza o oxigênio e libera gás carbônico. Já no segundo há também a liberação de água. Atividades como o desmatamento e o excessivo uso de combustíveis fósseis tem acentuado o efeito estufa, causando o aquecimento global.
Qual a diferença entre efeito estufa e aquecimento global?
Comumente há uma certa confusão ao falarmos deste assunto. Mas afinal o que cada um desses termos significam? O Impacto explica!
O efeito estufa é um fenômeno natural que é importante para manter a superfície da Terra aquecida, garantindo a sobrevivência no planeta. Tal efeito ocorre devido aos gases atmosféricos, capazes de segurar parte do calor que vem do Sol. Entre estes gases estão o gás carbônico e o gás metano.
Porém, nas últimas décadas, observamos o aumento exponencial das emissões desses gases na atmosfera. Este fenômeno atrapalha a troca de calor da Terra com o espaço, uma vez que a radiação penetra na superfície e não é liberada. Esse processo consequentemente acentua a quantidade de calor retido, aumenta a temperatura do planeta e é chamado de aquecimento global.
Considere o veganismo!
No Brasil a expansão de pastos muitas vezes é feita por meio do desmatamento de áreas florestais. Foto por gang coo via Unsplash |
A agropecuária é uma das maiores causadoras do aquecimento global: ela é responsável por cerca de 69% dos estragos causados ao nosso planeta. Com quantidade e oferta de cabeças de gados maior do que o necessário, não é só o globo terrestre que sofre com isso.
Ano após ano, pesquisas apontam o crescimento da adesão ao veganismo, uma alternativa viável para reduzir os impactos negativos causados pela consumo de carne e de produtos de origem animal.