Ararinhas-azuis da espécie Cyanopsitta spixii, são consideradas extintas na natureza há quase duas décadas
Consideradas extintas, a espécie que inspirou o filme Rio, só existe hoje em cativeiro/ Foto: Diário do Nordeste)
No dia 24 de junho, o Brasil assinou um acordo com organizações conservacionistas da Alemanha (Association for the Conservation of Threatened Parrots) e Bélgica (Pairi Daiza Foundation) para reintroduzir essas aves na área de origem da espécie, a Caatinga brasileira.
Segundo Ugo Vercillo, diretor do Departamento de Conservação e Manejo de Espécies do Ministério do Meio Ambiente, cerca de 50 ararinhas serão trazidas de avião para o Brasil, e até que sejam soltas, várias etapas precisarão ser cumpridas, desde a conclusão da construção do centro de reintrodução (área de origem da espécie) até a emissão das autorizações e certificados.
A ave que inspirou o filme Rio, 2011, é considerada extinta na natureza há quase duas décadas. A Doutora Neiva Guedes, do Instituto Arara Azul, diz que “quando redescobertas, essas araras já faziam parte de um grupo pequeno na natureza. Elas acabaram virando vítimas do comércio e ficaram mais dispersas ainda. Hoje só existem indivíduos em cativeiro.”
A ararinha foi redescoberta na natureza no ano de 1986, na época existiam apenas três exemplares. A partir disso, um projeto para monitorá-las foi proposto pelo governo brasileiro, porém ele foi executado apenas alguns anos depois, quando havia apenas um indivíduo que foi acompanhado durante dez anos até desaparecer.
No ano de 2016, uma ararinha-azul foi vista na Bahia por uma família que gravou um vídeo do animal e o enviou para o diretor da SAVE Brasil, Pedro Develey, que conseguiu identificar a ave pelo som que emitia. Até hoje não se sabe se a ave fugiu de algum cativeiro ou se alguém a soltou, pois ela nunca foi vista novamente.
Tráfico de animais
O principal motivo das aves entrarem em extinção é o tráfico de animais, que se solidifica como uma das atividades ilícitas mais praticada no mundo, atrás apenas do tráfico de armas e drogas. O tráfico de animais silvestres é comum no Brasil (o país responde por 15% do tráfico mundial de animais silvestres ) por não haver leis mais severas para esse tipo de crime.
A rota do tráfico no país, começa na Região Nordeste, com a retirada dos animais da natureza e vai até o maior consumidor da fauna do país: a Região Sudeste. De acordo com o Ibama, os estados onde ocorrem a maior parte das capturas de animais são: Maranhão, Bahia, Ceará, Piauí e Mato Grosso. Já os estados com o maior mercado consumidor são São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Hoje só existem cerca de 160 ararinhas-azuis, todas em cativeiro/ Imagem: Wikicommons) |
Guedes diz que, para combater o tráfico de animais existem etapas: “primeiro com a fiscalização em aeroportos e estradas. Segundo, educando a população para não entrar nos locais e pegar esses animais”
A população tem um papel muito importante no combate ao tráfico de animais, por isso algumas medidas devem ser tomadas pela própria população. Antes de adotar um animal procure a procedência do local de compra. Também é importante denunciar: disque 0800-61-8080, linha verde do Ibama ou ligue para Polícia Ambiental pelo número (14) 3103-0150 (número referente a cidade de Bauru).
Edição: Ingrid Watanabe