O “novo normal” almeja transformar as relações sociais, ambientais e econômicas
O objetivo da Retomada é conciliar economia e sustentabilidade. Imagem: Bruno Mael |
Pavão atravessando a rua, em Nova Déli, Índia. Foto: Mohd Zakir/Hindustan Times via Getty Images |
Durante os dias de isolamento social mais intenso, foram notadas aparições e acontecimentos inusitados ao redor do mundo, em países como Índia, Bangladesh, País de Gales, Inglaterra e os Estados Unidos tiveram seus centros urbanos ocupados por diversas espécies de animais, refletindo a utopia de um mundo mais sustentável.
E não foram só as aparições de diferentes animais que chamaram atenção. Um estudo publicado pela revista Nature Climate Change demonstrou a breve diminuição nas emissões globais de poluentes. Projetando a inclusão de medidas de recuperação econômica de forma amigável com o nosso planeta, a pesquisa foi realizada analisando a desaceleração nos ritmos econômicos durante o isolamento social.
Segundo Marina Helou (REDE-SP), Deputada Estadual e Coordenadora da Frente Parlamentar Ambientalista em São Paulo, para que esta mudança ocorra é necessário se atentar a dois aspectos que podem impactar de maneira positiva a economia:
A redução das desigualdades e da vulnerabilidade de boa parte da população e o apoio de políticas públicas de inclusão socioeconômica e de incentivo à retomada nessas novas bases, como incentivos fiscais para atividades que utilizem fontes renováveis de energia.
Ações na prática
Na cidade de São Paulo, são geradas aproximadamente 12 mil toneladas de resíduos de lixo comum, aquele que sai das casas. Desse total, quase metade é sobra de alimentos, resíduos que ao serem bem tratados através de compostagem, podem se tornar adubos e potencializar a produção de alimentos.
O restante do material, cerca de 30% são recicláveis – papel, vidro, plástico e metal – e os rejeitos, compostos por descartes de banheiro, como as fraldas, formam o grupo com 10%, devendo ser devidamente encaminhado para aterros sanitários.
Porém, atualmente, apenas 5% destes resíduos são devidamente recuperados, sendo os outros 95% destinados aos aterros sanitários. Diante disso, o setor público junto com a iniciativa privada pode investir na recuperação dos resíduos, economizando na produção de novas matérias-primas e destinando o lugar correto para cada um dos tipos de descarte.
Latas de lixos recíclaveis. Foto: Paweł Czerwiński – Unsplash |
De acordo com Marina Helou, a Retomada Verde é um processo fundamental para se recuperar o ritmo de produção mais sustentável e humano. Políticas públicas que priorizem saúde, educação e saneamento devem estar alinhadas com o processo.
A Retomada Verde também está ecoando no mundo dos investimentos. O mercado financeiro está conhecendo os ESGs, do inglês, Environmental, Social and Governance, sendo, respectivamente, Ambiental, Social e de Governança corporativa (ASG). Prioritariamente, os critérios que os investidores analisam são três:
- Ambiental: a empresa procura melhores formas de contribuir com o meio ambiente através de soluções tecnológicas que minimizem os danos;
- Social: neste quesito, analisa-se como a empresa promove o bem-estar, segurança e respeito a todos, além de questão de igualdade;
- Governança: já neste último, os investidores procuram saber como a empresa desempenha a sua governança corporativa e a transparência em suas decisões.