A moda sustentável respeita o meio ambiente nas etapas de produção
Evento de troca de roupas reuniu pessoas em busca de renovar o guarda-roupa reutilizando peças (Fonte: Trocaria) |
A indústria têxtil é uma das maiores poluidoras do mundo. De acordo com uma das fundadoras do blog de moda sustentável e brechó online Trocaria, Evelise Biviatello, toneladas de roupas são descartadas todos os anos. “É matéria-prima e muito trabalho envolvido que vai para o lixo, sendo que a maior parte das peças ainda está em perfeita condição de reuso”.
Daniele Bianchi, graduada em desenho de moda e pós-graduanda em comunicação e cultura de moda, diz que nas últimas décadas houve uma aceleração na indústria da moda. A cada estação vemos novas tendências e novos modelos e cores entrando em cena. Entretanto, isso tem enorme impacto no meio ambiente. Imagine todas as pessoas do mundo comprando várias roupas a cada estação e descartando as roupas que usaram pouquíssimas vezes!
A MODA SUSTENTÁVEL É ALTERNATIVA PARA O CONSUMO CONSCIENTE
O consumismo exagerado prejudica nossa relação com o meio ambiente (Fonte: Viva Decora) |
Pequenas indústrias e ateliês de costura sustentáveis estão abrindo o mercado de trabalho para a moda consciente, com uma produção mais humanizada. São usados tecidos orgânicos – cultivados sem o uso de inseticidas ou pesticidas, tingimento com corantes naturais e também produção peça por peça, muitas vezes manualmente, sem acelerar os processos. Também é comum o uso de fibras naturais, como algodão orgânico, juta, linho, lã e cânhamo, ou tecidos alternativos feitos com fibra de bambu e até reciclagem de garrafa pet.
Além disso, a moda sustentável também prega o uso duradouro das roupas, reutilizações e trocas, pois geralmente as peças duram bem mais tempo do que realmente aproveitamos. Ao não aproveitar as peças de forma assídua, geramos a vontade de consumir mais e mais, muitas vezes sem necessidade.
Mapa para reaproveitar as peças do armário (Fonte: Bobbela/Tumblr) |
NO BRASIL TAMBÉM PEGOU
A estilista de roupas sustentável que abriu sua marca homônima, Flávia Aranha, desenha suas peças em São Paulo, onde as costureiras fabricam roupas brancas. Após a confecção, Flávia utiliza exclusivamente corantes naturais para dar vida às peças. Ela alcança as tonalidades desejadas e diferenciadas através de misturas de ingredientes naturais como casca de nogueira, hibisco e açafrão.
Procuramos utilizar materiais como casca de cebola, folhas e flores, em um processo extremamente manual. Eles podem vir de resíduos, como por exemplo serragem de madeiras, ou corantes tradicionais, como o urucum, cúrcuma e índigo. Também desenvolvemos uma linha de corantes para usar em lavanderia industrial em um processo que reduz o uso de água e possibilita tingimento em maior escala. (Flávia Aranha)
Flávia, que possui um site, também diz que as pesquisas mais recentes que envolvem sua marca são as propriedades medicinais das plantas, com a finalidade de entregar ao cliente benefícios além da cor.
Além de vários estilistas estarem aderindo à moda sustentável, diversas blogueiras e youtubers estão falando sobre o tema na internet, o que ajuda a divulgar informação e mudar alguns hábitos. Esse é o vídeo que a jornalista e youtuber, Stephanie Noelle, fez sobre o assunto, em que ela indica algumas lojas artesanais e de produção local:
De acordo com Daniele Bianchi, pós-graduanda em comunicação e cultura de moda, o que está em alta agora é o “upcycling”, que significa utilizar-se de peças que já existem ou resíduos, e confeccionar novas peças. Ela dá exemplos de duas marcas que trabalham com o upcycling: La garçonne, do estilista Alexandre Herchcovitch e a AVAH!, que usa tecidos de outras marcas que seriam descartados e transforma-os em novas roupas.
Para entender um pouco mais sobre o empreendedorismo verde na moda, entrevistamos a co-fundadora do Trocaria, blog e brechó online, Evelise Biviatello. Confira!
Impacto: Quais conselhos/dicas vocês dão para pessoas que querem consumir roupas de forma sustentável?
Evelise: Não existe nada mais sustentável do que prolongar o uso do que já existe, seja trocando entre amigos, doando, (re)costurando…Assim nada se perde e tudo é reaproveitado. Sugerimos também que as pessoas procurem se informar acerca de como e por quem as roupas foram feitas, dando preferência para materiais orgânicos e feitos por produtores locais (fair trade). Enfim, o que precisamos ter em mente, acima de tudo, é a real necessidade de adquirir algo novo. Para isso, devemos sempre nos perguntar: “Realmente preciso disso?”
Impacto: O Trocaria realizou um evento em 2016, a Virada Sustentável. Qual a importância de eventos como esse? Gerou bons resultados?
Evelise: As festas de troca são quando as pessoas muitas vezes se dão conta do tanto de roupas que acabam acumulando no armário. Elas chegam no evento simplesmente pensando em trocar, mas saem dele com uma percepção diferente de uso e consumo, passando a exercer uma atitude mais consciente posteriormente.