O que o entretenimento com animais esconde

Animais não são divertimento, embora muitos acreditem que sim 


Araras no Zoológico de São Paulo (Foto: Isabel Silva/Impacto Ambiental)

É muito comum o uso de animais como forma de diversão. São formas cruéis e exploratórias que, por muitas vezes, levam os animais a morte. Um dos casos mais recentes foi a morte do urso polar Arturo. Apelidado como “o urso polar mais triste do mundo”, Arturo morreu em um zoológico da Argentina, depois de mais de 20 anos em cativeiro.
O urso polar Arturo, morre no Zoológico em Mendoza (Argentina), onde vivia desde os 8 anos (Foto: Reprodução/Facebook)

Manter animais em cativeiro, em zoológicos, circos e atrações turísticas, gera um enorme sofrimento para qualquer animal, um esgotamento físico e mental, capaz de ocasionar graves problemas mentais, como crises de depressão profunda geradas pela solidão e o confinamento. O uso de animais, principalmente os silvestres (mais difíceis de encontrar na natureza), visando lucro leva à extinção de várias espécies, tanto terrestres como marinhos.

Não só no Brasil como em outros países é comum vermos animais selvagens e exóticos sendo domesticados. Ato que, em determinadas situações, é autorizado pelos órgãos responsáveis. Entretanto, é importante ressaltar que este não é o habitat natural do animal e, consequentemente, pode lhe trazer sofrimento na adaptação, além de alimentar um comércio ilegal.

(Foto: Isabel Silva/Impacto Ambiental)

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6 práticas ilegais envolvendo animais

1 – Atrações turísticas

De passeios de dromedário no Nordeste brasileiro a macacos malabaristas na Indonésia, “atrações turísticas” usam animais para o entretenimento, causando sofrimento e dor para o animal. Treinados desde pequenos para agradar turistas, os animais são criados em cativeiro e são covardemente espancados quando algo não sai como o planejado.

Na Tailândia, filhotes de elefantes são torturados e obrigados a carregar turistas até a exaustão. Na foto, elefante no Zoológico de São Paulo (Foto: Isabel Silva/ Impacto Ambiental)

O que você pode fazer contra o uso de animais silvestres como atrações turísticas? Não pague por passeios e fotos com animais. Muitas vezes, esses animais são dopados ou têm seus dentes e garras arrancados para que seja possível o contato com humanos. Não compre lembranças feitas de partes de animais. Comunique sua agência de turismo ou a polícia local sobre os maus tratos. A cultura local não é desculpa para a crueldade.

A ONG de proteção aos animais, World Animal Protection, recentemente, desenvolveu o relatório “Expondo as selfies com tigres – Um retrato da indústria do entretenimento com tigres na Tailândia”, o qual denúncia a agência de turismo TripAdvisor por desenvolver atividades que lucram com a exploração de animais silvestres na Tailândia. Para quem se sensibilizou com a causa, e quiser colaborar de alguma forma, é só assinar a petição “Silvestres. Não Entretenimento”.

2 – Circos

O circo, certamente, é um dos locais mais abusivos com os animais, que são capturados ainda filhotes e separados de seus pais, enjaulados e acorrentados a vida toda, sofrem castigos cruéis e são submetidos ao “adestramento”. Muitos lugares já proibiram o uso de animais no circo.

Em 2002, a lei municipal 4.836 proibiu o uso de animais selvagens em apresentações circenses em Bauru. Mas, desde 2001, a lei Federal 10.220 já proibia a participação de animais selvagens em circos e similares em todo território brasileiro. Não frequente esses locais e denuncie circos que tenham espetáculos com animais e converse com seus amigos e familiares para fazerem o mesmo.

(Foto: Planeta Sustentável)

3 – Zoológicos 

Quem nunca visitou um zoológico? Ou nadou com golfinhos? Infelizmente, essas atividades são muito comuns e mais cruéis do que você pode imaginar. É muito comum que esses animais vivendo em cativeiro sofram de depressão. Possivelmente, alguém que já entrou num desses lugares já presenciou algum comportamento anormal por parte dos animais, como andar de um lado para o outro, balançar a cabeça e até a automutilação.

Macaco no Zoológico de Bauru (Foto: João Pedro Ferreira/Impacto Ambiental)

Segundo Luiz Pires, diretor do Parque Zoologico Municipal de Bauru, esse estresse resulta da falta de preocupação do zoológico com a privacidade do animal. O Zoo de Bauru é referência nacional no trabalho de preservação e educação ambiental, e hospeda 227 espécies diferentes de animais. “Nós não somos uma área destinada ao lazer. O lazer aqui é uma consequência dos trabalhos que nós fazemos, na área de conservação, educação e pesquisa. Então, pelo fato de ter esses animais mantidos em cativeiro, a gente cria condições para que esse animal, já inserido nos trabalhos de conservação, de pesquisa e de educação ambiental, possa ser visto pelo público, sem que esta exposição reflita em estresse para o animal”, afirma Pires.

Tigre no Zoológico de Bauru (Foto: João Pedro Ferreira/Impacto Ambiental)

Quase todas as instalações do Zoológico de Bauru possuem uma área privativa para que, caso o animal se sinta incomodado com o público, ele possa se retirar. Apesar da preocupação do zoológico com o bem estar do animal, o ambiente é apenas uma representação do seu habitat natural, muito diferente da realidade e não é o suficiente para que ele não sofra com a exposição e a vida em cativeiro. Muitos países já estão fechando as portas de seus zoológicos, como o caso da Costa Rica e, ainda mais recente, o Uruguai, que usará o espaço como um parque.

4 – Aquários

Recentemente, o mais famoso aquário do mundo, o SeaWorld, anunciou que a reprodução das orcas em cativeiro não será mais promovida e, que essas, serão as últimas utilizadas para seus espetáculos.

Em 2010, uma das orcas mais famosas do parque, a Tilikum, foi responsável pela morte de sua treinadora durante um show. Mesmo assim as apresentações continuaram e o parque garantiu que nenhum treinador tivesse contato direto com a orca.

O documentário “Blackfish: Fúria Animal”, trouxe a tona fatos que, desde então, o SeaWorld se recusava a admitir: a captura cruel, a separação da família, as lutas por conta do convívio forçado e até o tempo de vida – em cativeiro uma média de 30 anos, na natureza de 60 a 80 anos. Nunca houve qualquer registro de ataques de orcas aos humanos na natureza.

5 – Touradas, rodeios, vaquejadas e cavalgadas

Desde o transporte inseguro até a hora da apresentação, a cultura de violência contra os animais não acaba. Nos rodeios, os chifres do animal são arrancados com um serrote sem anestesia, para não machucar o peão; antes de ser solto na arena, o animal é encurralado, torturado, espancado e atormentado para, quando for solto, simular uma perseguição; o sedém, uma cinta que fica em volta do animal, aperta os testículos e a virilha, regiões extremamente sensíveis, o que torna o seu sofrimento ainda maior.

Foto: Silva Júnior/UOL

Essas práticas são perigosas tanto para os animais quanto para os praticantes. Recentemente, o toureiro espanhol Victor Barrio teve o pulmão perfurado pelos chifres de um touro e morreu enquanto fazia um de seus shows.

Apesar de várias pessoas defenderem esses “esportes”, manifestantes pedem pelo fim desses eventos que reúnem um número cada vez maior de pessoas. Em alguns lugares, como em Limeira (SP), a festa do peão foi cancelada e terá somente shows. Já em Valência, Espanha, a tradicional corrida de touros com fogos de artifício foi proibida.

6 – Domesticação de animais silvestres

O Brasil é um dos países que mais exporta animais silvestres ilegalmente. O comércio de animais silvestres lucra mais de um bilhão de dólares e comercializa mais de doze milhões de animais, anualmente. O tráfico de animais só perde para o tráfico de drogas e de armas. O papagaio é o animal silvestre mais vendido no Brasil e no exterior.

Aves no Zoológico de São Paulo (Foto: Isabel Silva/Impacto Ambiental)

É possível ter um animal silvestre de estimação. Porém, mesmo devidamente regulamentado pelo órgão ambiental responsável, não são animais para se “ter em casa”. Ele pertencem a um ambiente livre e não devem viver para aumentar o lucro ou para entretenimento. O maior envolvimento da população, seja por ONGs ou mesmo assinando petições online, tem gerado grandes resultados, tanto na indústria do entretenimento quanto no modo como vemos e tratamos os animais. O veganismo, por exemplo, vem conquistando cada vez mais adeptos e pessoas que lutam pelos direitos dos animais.

Veja mais fotos de animais nos Zoológicos de Bauru e de São Paulo:
Cativeiro Animal – Bauru
Cativeiro Animal – São Paulo

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