Poluição atmosférica: um mal de meados do século XIX

Saiba mais sobre os impactos da emissão de gases poluentes na atmosfera 


A poluição atmosférica é a que mais mata pessoas a cada ano/ imagem pixabay

Segundo um relatório da revista The Lancet, a poluição atmosférica mata mais pessoas por ano do que guerras, desastres naturais, tabaco, malária, fome, aids e tuberculose. Em 2015, no Brasil, foram registradas cerca de 100 mil mortes por ano, atingindo o equivalente a 7,49% do total de mortes no período. Ainda de acordo com o relatório, a poluição foi responsável por uma a cada seis mortes registradas no mundo inteiro, totalizando cerca de 9 milhões de mortes.


A maior parcela de óbitos está diretamente ligada aos países mais pobres. Bangladesh, na Ásia, e Somália, na África, foram os países mais afetados, enquanto países como Brunei, Suécia e Finlândia apresentaram o menor percentual de mortes por poluição.

A poluição do ar é medida pela quantidade de substâncias nocivas à saúde, que causam danos à fauna e a flora. Essas substâncias são os indicadores da qualidade do ar, e alguns deles estão citados abaixo:

Partículas Totais em Suspensão (PTS
Fumaça
Dióxido de Enxofre (SO2)
Monóxido de Carbono (CO)
Ozônio (O3)
Dióxido de Nitrogênio (NO2)

É necessário medir a concentração dessas substâncias para determinar o nível de poluição de uma certa região. Pensando nisso, o Google está desenvolvendo um aplicativo que pretende justamente mapear a poluição do ar nas cidades, desenvolvido com sensores ambientais que irão medir os níveis de óxido nítrico e dióxido de nitrogênio, considerados os componentes mais nocivos à saúde, contribuindo para que pesquisadores possam encontrar formas de amenizar o poluição.

Uma descoberta interessante

No Museu Field de Chicago, pesquisadores perceberam que os pássaros do museu eram mais escuros que os atuais. Atraídos por essa constatação, descobriram por meio de pesquisas que o escurecimento das penas estava paralelamente ligado com o alto consumo de carvão no séc XIX, na época da revolução industrial. A fuligem grudada nas penas é um meio de rastrear a quantidade de carbono no ar ao longo do tempo.



Infográfico: Rebeca Almeida

Rosana Mazzoni, mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos, conversou com a gente e explicou um pouco mais sobre poluição:

Impacto: A poluição foi um fator que se agravou a partir da revolução industrial?


A revolução industrial gerou mudanças importantes no comportamento da sociedade humana e, consequentemente, mudanças na relação desta com o meio ambiente. Saímos de uma sociedade fortemente vinculada à produção agrícola e às atividades comerciais mercantilistas, para uma sociedade industrial baseada no uso da energia dos combustíveis fósseis. O atual modo de produção capitalista ganhou força a partir da revolução industrial e se caracteriza pelo crescimento exponencial da produção, portanto necessita de crescimento exponencial do gasto de energia. No mundo atual 80% dessa energia é obtida pela queima de combustíveis fósseis que gera gás carbônico liberado na atmosfera.

Impacto: Quais são os efeitos da emissão de gases tóxicos na atmosfera?


Os gases tóxicos lançados na atmosfera podem ter várias origens. Seus efeitos têm consequências em diversas/inúmeras frentes. Por exemplo, os gases emitidos pela indústria, principalmente o gás carbônico, aumentam o efeito estufa, desse modo são os agentes causais do aquecimento global, que determina a subida do nível do mar e uma grande alteração das correntes oceânicas que por sua vez determinam grandes mudança climáticas em todo o mundo.


Impacto: Quais são as medidas necessárias para amenizar e controlar a poluição?

A primeira e mais urgente é reduzir o volume das emissões de CO2, reduzindo o uso de combustíveis fósseis. A segunda medida será cessar a destruição de florestas, combatendo o desmatamento e a ampliação de pastos para alimentar rebanhos, principalmente rebanhos bovinos. A terceira, e mais difícil, será encontrar um sistema econômico onde o PIB não cresça exponencialmente. Existe a necessidade urgente de reavaliarmos nossos sistemas de produção, o sistema financeiro capitalista e a demanda pelo consumo. Enquanto nossa sociedade estiver presa ao modelo de consumo existente atualmente não temos como equacionar o problema da poluição ambiental e sequer remediá-lo.

Edição: Ingrid Watanabe 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *