Entenda o motivo dos alagamentos em Bauru e possíveis soluções
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Ônibus fica preso em algamento após forte chuva em Bauru (Foto: Douglas Reis/Jornal da Cidade) |
Se você vem para Bauru, com certeza vão te falar do Bauruzinho ou da Praça da Paz. Mas, você também vai ouvir falar das inundações que, com frequência, afetam a Cidade Lanche.
Este assunto não é recente. As chuvas causam estragos em Bauru desde 1980, quando o “Córrego das Flores”, mais conhecido por desembocar no Rio Bauru, começou a ser povoado e impermeabilizado. A cidade se expandiu, mas os sistemas de escoação de água, não. O resultado: alagamentos e inundações.
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(Foto: Camila Gabrielle) |
Por que Bauru alaga?
Segundo Ricardo Olivatto, secretário de Obras, “Esses problemas são nitidamente falta de planejamento que não aconteceu no decorrer dos anos. Hoje, em Bauru, toda chuva dá algum problema. Isso demonstra como estamos defasados em relação a uma obra de construção civil segura”. O secretário explicou que em uma construção ideal, uma chuva deveria causar estragos a cada 100 anos em uma cidade.
Além disso, Ricardo ressaltou o problema do planejamento da cidade “É impressionante a quantidade de asfalto que você tem em comparação com os bueiros, que fazem a drenagem da água. Muitas ruas foram implantadas sem que houvessem a instalação de drenagem. Com isso a água é obrigada a correr de forma superficial”.
(Vídeo: Camila Gabrielle)
Ele explicou também que os bueiros já são poucos, e os que existem estão, em sua maioria, cheios de lixo. Isso dificulta o escoamento de água. Vale a pena se conscientizar e não fazer o descarte inadequado do lixo.
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(Foto: Reprodução) |
Principais Pontos de Alagamento
- Avenida Nações Unidas, principalmente próximo ao Obeid Plaza, ao Sincomercio, ao Teatro Municipal, ao cruzamento com a Av. Rodrigues Alves e sob o pontilhão da ALL (linha férrea).
- Avenida Comendador José da Silva Marta, próximo à linha férrea e Rua Benevenuto Tiritan.
- Avenida Alfredo Maia, entre as quadras 01 e 04, principalmente próximo ao viaduto.
- Avenida Waldemar G. Ferreira, no trecho da Elias Miguel Maluf até o viaduto da ferrovia.
- Rua São Sebastião, sobre o rio.
- Avenida Daniel Pacífico, sobre o rio.
Fonte: Defesa Civil/ Bauru
Chuva: sinônimo de grandes estragos na cidade
O verão é um período de chuvas intensas no Sudeste. Janeiro é o principal mês de chuvas na cidade de Bauru. O volume de água é muito grande (cerca de 86 m3/ por segundo). Em diversos dias se registraram fortes chuvas que causaram inundações na Avenida Nações Unidas, Duque de Caixas, Avenida Alfredo Maia e outros.
Além disso, no Calçadão da Batista de Carvalho o lixo foi levado pela força da enxurrada. Quando isso acontece, ônibus, carros e pessoas ficam ilhadas.
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(Foto: Reprodução) |
Um fato mais recente, foi no dia 20 de maio, durante a Virada Cultural Paulista. O show da cantora Daniela Mercury foi afetado pela forte chuva que caiu.
O público se afastou do local do evento, que era no Parque Vitória Régia, e muitos nem conseguiram chegar devido aos pontos de alagamento. Além disso, muitos ambulantes foram prejudicados com a enxurrada.
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(Foto: Reprodução) |
Depoimentos
Helena Ortega (22) é estudante de jornalismo na Unesp/Bauru. Ela foi afetada com uma das inundações.
Eu peguei a Duque de Caxias, quando entrei no carro, vi uma inundação em forma de chuva caindo. Eu tentei dar uma de corajosa, mas no cruzamento da Duque com a Rondon não passava nenhum carro. Fiquei ilhada em um posto de gasolina por quase meia hora”, ressaltou afirmando que sentiu medo.
Hanna Queiroz, 18, também estudante de jornalismo, passou por situações complicadas em Bauru.
Eu estava voltando de um apartamento perto do Bauru Shopping. Na hora de descer para o ponto de ônibus, a Nações começou a alagar. A água começou a chegar no meu joelho e todos que estavam no ponto tiveram que subir no banco. Ficamos em pé, com medo de ele quebrar e cairmos. Estava trovejando muito. Ficamos presos lá até parar de chover. Demorou um pouco para desalagar. Eu fiquei com bastante medo.
Leonardo Del Sant, 22 , é jornalista e ficou “preso” com mais 4 amigos, no parque Vitória Régia.
O nível da agua subiu muito rápido. Demoramos para resolver sair. Quando saímos, demos a volta no Vitória e passamos por dentro da USP. Morávamos na Getúlio Vargas. Ficamos impressionados com a velocidade da água. A nações cobriu muito rápido.
Como reagir a essa situação?
- Conheça as alternativas para seus trajetos habituais
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- Verifique os freios, pois, se molhados, perdem a eficiência.
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- Não se dirija para áreas inundáveis, como as baixadas.
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- Permaneça em sua casa, se possível.
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- Mantenha produtos de limpeza, alimentos e objetos de valor fora do alcance das águas.
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- Evite abrigar-se sob árvores, postes e torres de comunicação.
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- Evite ficar sobre lajes.
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- Afaste-se de cercas de arame, alambrados e varais.
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- Evite caminhar próximo à linha férrea.
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- Evite subir em telhados para reparos.
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- Não jogue lixo, entulho ou outros objetos nas ruas, bueiros, riachos e suas margens.
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- Não circule ou caminhe próximo a bocas de lobo e bueiros encobertos pelas águas e nem em áreas alagadas.
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Solução
Ricardo, Secretário de Obras, comentou o que a prefeitura pretende fazer nos próximos anos para solucionar esse problema. Segundo ele, o ideal é retirar a drenagem de parte da avenida Nações Unidas (Bauru Shopping até a região do Rio Bauru) e colocar uma nova. Uma parte do asfalto seria comprometida e depois reposta.
Atualmente, as galerias (tubulações que conduzem a água da chuva) dessa região da Avenida Nações Unidas apresentam dimensões menores, o que torna o entupimento mais possível. Por isso, essa reforma seria fundamental, de acordo com o secretário.
Confira a previsão da obra:
Estimativa de valor:
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Não foi revelado
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Concluir o projeto básico nesse ano:
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2017
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Licitação do Projeto Executivo
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Final de 2018
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Liberação da verba necessária
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2018/ 2019
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Execução da obra
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Julho/ 2019 (menor prazo da obra)
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“Eu não posso começar sem ter o valor na sua totalidade, senão começamos a obra com a expectativa no período de curto prazo”, ressaltou o secretário. Vale ressaltar que ainda não está nada certo que essa obra de fato vai acontecer. Ele também comentou que a Prefeitura pretende limpar a calha do Rio Bauru porque ele merece “limpeza para melhorar a fluidez”.
Adalberto Junior, professor de Arquitetura na Unesp/ Bauru, comentou que: “É importante frisar que hoje não há como pensar em obras paliativas, mas sim em feitos que possam efetivamente reverter grandes problemas causados no passado.”
Até lá..
Enquanto essa obra mais efetiva ainda aguarda processos e liberações frente ao Governo, o secretário comentou sobre outros bairros da cidade. “Vários pontos precisam de drenagem, não apenas a Nações Unidas. Nós temos muitos bairros que foram implantados, mas a rede de drenagem, não. Por exemplo, o Bairro Santa Terezinha é todo pavimentado, mas sem nenhuma drenagem instalada. A água corre superficialmente e acontece os buracos. A Avenida Nossa Senhora de Fátima também”.
Edição: Mariane Borges