A iniciativa criada pela Enactus Unesp Bauru ajuda ex-dependentes químicos e também o meio ambiente
Banco de Pallets confeccionados no Ubiraci/ Foto/Reprodução: Facebook da Enactus Bauru |
Em um país como o Brasil, que conta com uma grande biodiversidade, o desmatamento ainda é muito recorrente. Segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no período de agosto de 2016 a julho de 2017, só na região amazônica, foram desmatadas aproximadamente uma área de 2.834 quilômetros quadrados, o equivalente a quase 397 campos de futebol. Além disso, a madeira que vem desse tipo de desflorestamento é, muitas vezes, má utilizada, sendo descartada de forma inapropriada.
Sabe aqueles pallets que para muitos comércios só servem para transportar os seus produtos? Muitos desses acabam sendo mal descartados ou incinerados, o que acaba prejudicando, e muito, o meio ambiente.
Notando situações como essas, alguns membros da Enactus Unesp Bauru criaram, em 2016, o projeto Ubiraci, que começou como uma oficina de reutilização de madeira para meninos da organização religiosa Casa do Garoto.
Em 2017, o projeto acabou se mudando para a Comunidade Terapêutica Masculina Bom Pastor, onde atua até hoje com aulas semanais para ex-dependentes químicos, que participam de todas as etapas na confecção de produtos a partir dos pallets que seriam descartados.
Integrante da Enactus junto com os membros da comunidade/ Foto: Isabela Almeida |
Como todos os projetos que fazem parte da Enactus ao redor do país, o Ubiraci trabalha com três eixos de atuação: o ambiental, o social e o econômico. Laura Fontanelli, líder do Ubiraci, explica como cada eixo funciona no projeto:
Ajudamos o meio ambiente reciclando madeira que seria indevidamente descartada, em lixões ou queimadas, incentivando a reciclagem. Nós temos trabalhado majoritariamente com pallets. Na área social, valorizamos e estimulamos o trabalho através da marcenaria, trazendo uma atividade nova para os colaboradores da comunidade que têm bastante tempo ocioso. Além disso, geramos renda para a comunidade com a venda dos produtos para manutenção das instalações da comunidade e maior bem-estar dos próprios colaboradores. Outro ponto positivo é que nosso produto possui um preço mais acessível do que os no mercado, o que possibilita que o consumo sustentável tenha uma maior abrangência, por exemplo universitários
Laura ainda conta que a diretoria da Bom Pastor fica responsável reverter o dinheiro da venda dos produtos em melhorias e manutenções que beneficiam os colaboradores do projeto.
A oportunidade
Diego confeccionando um dos produtos vendidos pelo projeto/ Foto: Isabela Almeida |
Internando a mais de três meses na comunidade terapêutica, Diego Oliveira de 32 anos conta que não aceitou o projeto logo de primeira, mas, após ver a proposta da iniciativa, acabou se identificando e demonstrando muito interesse: “É um bem social e ainda ajuda a gente, mantendo a nossa mente ocupada, nos deixando menos estressados” afirma o morador da Bom Pastor.
Além disso, Diego pensa em cursar marketing ou publicidade e propaganda quando sair da clínica, para poder vender e criar produtos diferenciados. Assim, o projeto Ubiraci surge, também, como uma oportunidade de colocar suas ideias em prática.
Diego relata, ainda, que aprendeu a produzir peças como caixotes, bancos e velas com os membros do Ubiraci, e que recentemente um dos moradores que teve “alta” da comunidade pode levar o passo a passo do projeto e ainda ganhou um molde para continuar a produzir suas peças.
A iniciativa, além de ajudá-los dentro da comunidade, oferece uma oportunidade de trabalho a ser continuado fora da Bom Pastor, proporcionando um “plano B” já que os ensinam a transformar uma madeira que seria descartada de uma forma agressiva para o meio ambiente em um produto, do qual poderão tirar a sua renda.
Editora: Beatriz Bethlem