Espécie que sofre com a destruição do seu habitat ganha destaque após lançamento do Real
O lobo-guará luta para sobreviver em meio à devastação do seu habitat. Arte: Yasmin Mainine |
Por Julia Faria Peixoto
O lobo-guará habita áreas de vegetação aberta. Possui orelhas grandes, pernas longas e finas. Seus pêlos avermelhados são a razão do seu nome, pois “guará”, no tupi, significa “vermelho”. O animal apresenta coloração preta em sua crina, nas extremidades das patas e no focinho. A parte interna de suas orelhas, o pescoço e a ponta da cauda são brancos. De hábito noturno e solitário, os machos e as fêmeas se encontram na época de reprodução.
As fêmeas reproduzem apenas uma vez por ano e a gestação pode durar cerca de 65 dias. Foto: Adriano Gambarini |
Essa espécie é onívora, alimentando-se de vegetais e animais. Consome frutas, como a “fruta-do-lobo” (Solanum lycocarpum), as quais o lobo-guará é o principal responsável pela dispersão de sementes.
“Como predador, o lobo se alimenta de diversos tipos de presas, controlando tanto populações de animais de pequeno porte, como roedores, tatus, marsupiais, aves, lagartos e serpentes, como pode, eventualmente, predar animais de maior porte, como veados”, afirma o doutor em Ecologia e professor da Universidade de Brasília (UnB), Reuber Brandão.
Ameaças ao lobo-guará
A destruição dos habitats é a principal ameaça a esta espécie. De acordo com Brandão, a caça, o atropelamento, a transmissão de doenças por cães domésticos e a disputa de território são outros fatores que colocaram o lobo-guará na lista de animais em risco de extinção.
O professor de Ciências Biológicas da UNESP Igor Paiva Ramos e o doutor em Ecologia e Recursos Naturais João Henrique Pinheiro Dias destacam que “desmatamento, queimadas, mineração, produção animal com manejo que desconsidere a presença desse predador e expansão das cidades”, são prejudiciais à espécie.
O Cerrado é um dos biomas mais desmatados do Brasil. Foto: Adriano Gambarini |
Se a espécie for extinta, segundo especialistas, seu desaparecimento causará profundas desestruturações ambientais em cadeia, já que o lobo-guará é um predador, sendo assim responsável pelo controle populacional de diversos animais.
Conservação do lobo-guará
“A melhor forma de evitarmos a extinção de qualquer espécie é preservando o ambiente em que elas vivem, conservar o bioma e a vegetação”, informa o biólogo Ricardo Boulhosa, presidente do Instituto Pró-Carnívoros.
“Lobos da Canastra” e “Amigo do Lobo” são alguns exemplos de programas voltados para a conservação do lobo-guará.
O programa “Lobos da Canastra” realizou diversas ações importantes para a preservação do animal. Além disso, as informações científicas obtidas por meio do programa produziram estratégias de ação para a conservação da espécie no Brasil e em outros países, como a Argentina e o Paraguai.
Selo da instituição Amigo do Lobo. Foto: Sou Amigo do Lobo |
Com o passar do tempo, tornou-se um espaço nas redes sociais. Serve como meio de divulgação da espécie, das ações sociais que ensinam sobre ecologia e dos problemas que o animal enfrenta, mantendo a ideia de trazer as pessoas para trabalhar em prol do lobo-guará.
Cédulas
Quanto a presença da imagem do lobo-guará na nova nota do real, a bióloga Samantha Bittencourt, do Zoológico de Bauru, onde atualmente há um casal de lobos, afirma:
“Esperamos que o lobo-guará ganhe mais atenção na vida das pessoas e estimule um olhar crítico em relação à importância da conservação [do animal] e do bioma em que ele vive.”
Nota de R$200 é a sétima da família do Real. Imagem: Reprodução/Banco Central |