Entre saberes e resistência: Equipe do projeto Impacto Socioambiental visita Aldeia Ekeruá

O Projeto Impacto Socioambiental aprende sobre história local, preservação ambiental e valorização cultural conduzidas pela comunidade indígena da Aldeia Ekeruá

Por Rafaelly Ferreira

Fotos por Gabriel Sanches

Integrantes do projeto de extensão Impacto Socioambiental, da Unesp Bauru, realizaram uma visita à Aldeia Ekeruá, localizada na Terra Indígena Araribá, em Avaí (SP). A atividade aconteceu no dia 12 de junho e proporcionou à equipe o contato com a história da comunidade, saberes etnobotânicos (área que estuda a relação entre os povos e as plantas) e a feira de artesanato tradicional.

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Membros do Impacto Socioambiental e da Rede Internacional de Pesquisadores sobre Povos Originários e Comunidade Tradicionais (RedeCT) na visita à Aldeia Ekeruá.

Sobre a Aldeia

Fundada em 2002, a comunidade é formada por povos da etnia Terena, que já residiam em aldeias vizinhas como Kopenoti, Nimuendajú e Tereguá. Davi Terena, professor e gestor cultural, conta que quando a aldeia foi fundada, havia apenas pastagem. “Nos últimos 23 anos, reconstruímos a natureza ao nosso redor. Plantamos diversas espécies de árvores e plantas que utilizamos habitualmente”.

A aldeia foi construída em formato circular, e os moradores vivem em um sistema de ajuda mútua, prestando apoio nas atividades do local. “Quando nossos representantes precisam ir para Brasília em defesa de nossos direitos, toda a aldeia se junta para custear a viagem”, conta Davi Terena.

O local possui uma escola, que atualmente atende 47 alunos, distribuídos entre diferentes níveis de ensino. Em razão do número reduzido de estudantes, ocorre a junção de turmas, como os 8º e 9º anos, e os 2º e 3º do ensino médio, que compartilham o mesmo espaço e professores durante as aulas.

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Placa de revitalização da Escola Estadual Índigena da Aldeia Ekeruá

Essa união de turmas representa um desafio pedagógico para a equipe escolar, que precisa adaptar os conteúdos e as dinâmicas de ensino às diferentes faixas etárias e níveis de aprendizagem em uma mesma sala. Ao mesmo tempo, a estratégia possibilita a continuidade do ensino em uma realidade com um número limitado de matrículas.

Funcionamento

Davi Terena explica que o MEC avalia os alunos do 9º e 3º ano, mas como as turmas mistas, os professores precisam equilibrar o planejamento para atender tanto às exigências das avaliações externas.

A escola também conta com duas disciplinas extras na grade: os saberes tradicionais, em que os alunos aprendem sobre artesanato e vestimentas da cultura, e uma disciplina sobre o dialeto falado na aldeia.

O funcionamento da escola também conta com o apoio ativo da Associação de Pais e Mestres, que contribui para a manutenção das atividades e para o fortalecimento do vínculo entre comunidade e escola. Todos os professores que atuam no local são moradores da comunidade, que conhecem toda a história do local.

Juntamente com Davi, a equipe do Impacto Socioambiental participou de uma caminhada pelo espaço etnobotânico, durante a qual conheceram o burduma, capim utilizado para confeccionar vestimentas indígenas.

Também foi apresentado o urucum, fruto que produz a tinta vermelha usada em pinturas corporais. “Para nós, o vermelho representa o entardecer, porém também usamos em manifestações, em que a cor simboliza o sangue derramado ao longo da história do Brasil”, explica o gestor cultural.

Por fim, a equipe teve a oportunidade de visitar a feira de artesanato, onde estavam à venda brincos de penas de aves, pulseiras e colares feitos com sementes, entre outros acessórios. As peças, produzidas manualmente pelos moradores da aldeia, carregam significados culturais e espirituais, refletindo o vínculo com a natureza e os saberes tradicionais transmitidos entre gerações.

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