Em 2019 Bauru bate record histórico e tem o maior número de infectados pela doença, que já fez 12 vítimas
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença. Foto: WikiImages/ Pixabay |
Com seus primeiros registros vindos da Ilha de Java, na Ásia, já no fim do século XVIII, a dengue soma para Bauru, cidade do interior de São Paulo, mais de 16 mil casos e 17 mortes confirmadas, trazendo para a cidade a liderança no ranking nacional de mais casos da doença.
A transmissão dessa doença tem início por meio do mosquito fêmea do Aedes Aegypti. Após picar uma pessoa infectada o mosquito mantém o vírus na saliva e inicia o ciclo de contaminação quando pica uma pessoa saudável, que passa a ficar contaminada.
Carolina Rosa mora em Bauru e é recuperadora de crédito. Nesse último verão ela teve dengue pela segunda vez. Ao dirigir-se ao posto de saúde, sentiu descaso por parte do atendimento: “Quando disse que era a segunda vez que pegava dengue, fui mandada para o soro sem nem um diagnóstico”
Quais são os sintomas?
A dengue surge de 3 a 15 dias após a picada do mosquito e dura em média de 5 a 7 dias. Geralmente, o primeiro sintoma notável da dengue é a febre alta de 39°C a 40°C. No caso de dengue clássica, que é a primeira forma de contágio, a febre normalmente vem seguida de:
- Dor no fundo dos olhos, na cabeça e nas juntas;
- Fraqueza;
- Náuseas;
- Vômito
- Manchas vermelhas na pele.
A dengue hemorrágica causa os mesmos sintomas da dengue clássica, junto com:
- Sangramento na gengiva e narinas;
- Fezes escuras que podem indicar a presença de sangue;
- Dor abdominal intensa e contínua;
- Diminuição de urina e
- Dificuldade para respirar.
A dengue hemorrágica é bastante perigosa e, caso não tratada adequadamente, pode levar a morte, como destaca a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, em resposta ao Impacto Ambiental:
É preciso estar atento aos sintomas da dengue principalmente em crianças e em caso de dúvidas ou suspeita, é importante procurar a unidade de saúde mais próxima.
A Secretaria ainda alerta para a identificação da circulação do tipo 2 do vírus da dengue, principalmente na região noroeste do estado. Esse vírus não estava a algum tempo presente no estado e por conta disso pode tornar a população mais suscetível a infecções e casos de reinfecção, apresentando também risco no desenvolvimento de casos mais graves.
E em Bauru?
Em Bauru, com o aumento alarmante de casos, a Prefeitura buscou implantar medidas de prevenção visando a conservação e limpeza de terrenos abandonados, que são focos de dengue. Em janeiro deste ano foi publicado um decreto exigindo que todos os proprietários de imóveis e terrenos vazios, realizassem a limpeza desses locais.
Como a quantidade de terrenos nesse estado era grande, houve a necessidade de que a população participasse das ações. Então, a Ouvidoria Municipal recebe denúncias dos moradores referentes a terrenos abandonados auxiliando no combate aos focos de criação do mosquito, através do telefone 14 3235-1156
Além dessas medidas, um aplicativo também foi desenvolvido pela Prefeitura de Bauru para facilitar a denúncia desses locais, o “Limpeza pra valer” está disponível no site da prefeitura através do link https://app.bauru.sp.gov.br/, selecionando a opção “limpeza de terrenos”.
E como funciona?
O usuário informa o endereço do terreno que está sujo e anexa as fotos para análise. Após as informações serem gravadas e com o protocolo emitido, é possível até mesmo acompanhar a situação da denúncia realizada.
Olha a fumaça!
Outra forma de combater o mosquito é a nebulização, que consiste na aplicação de um inseticida com o intuito de controlar os mosquitos adultos em áreas com grande incidência de casos. Durante o processo de nebulização, os moradores podem deixar portas e janelas abertas, mas a recomendação é de que alimentos e utensílios de cozinha sejam cobertos, assim como gaiolas, aquários e bebedouros de animais. Idosos, crianças e pessoas alérgicas também devem se precaver, permanecendo em cômodos fechados até 30 minutos após a aplicação.
Nebulização acontecendo em Bauru. Foto: Guilherme Matheus/ Prefeitura de Bauru |
O uso da nebulização foi uma das alternativas da Prefeitura para combater a doença. Porém, é importante relembrar que a contribuição de cada um de nós é indispensável para deter a proliferação do mosquito, pois, qualquer recipiente que acumule água pode vir a ser um criadouro de larvas.
Questionada sobre a eficiência das ações realizadas pela prefeitura, Carolina acredita que “há muita falta de cuidado dos moradores da cidade em suas próprias casas”.
Então, alguns cuidados dentro e fora de casa são necessários pra contribuir com a prevenção da dengue. Veja quais são:
- Esfregar bebedouros de animais com buchas, trocando a água pelo menos uma vez por semana;
- Preencha com areia os pratinhos de vasos de planta;
- Recicle, tampe, ou coloque de cabeça para baixo, recipientes que possam acumular água;
- Mantenha o lixo tampado e seco.
Os cuidados não param por aí! No exterior da casa, algumas precauções também devem ser tomadas, são elas:
- Manter calhas, lajes e piscinas sempre limpas;
- Eliminar água acumulada em plantas como bromélias, babosas, bambus e bananeiras;
- Manter recipientes como lixos, caixas d’água e latões sempre bem fechados;
- Garantir que pneus, latas e demais objetos tenham o descarte correto na reciclagem;
- Identificar a presença de terrenos vazios e casas desocupadas na vizinhança;
- Utilizar os canais para denúncia.
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, em resposta ao Impacto Ambiental, afirma que “o apoio da população é fundamental para evitar focos do mosquito transmissor da dengue, uma vez que cerca de 80% dos criadouros estão em residências.”
Os números de casos da doença no verão são maiores por conta da quantidade de chuvas nessa época do ano, já que os criadouros aumentam. Sendo assim, é importante reforçar as medidas de prevenção para evitar que essa estação seja sinônimo de aumento da epidemia de dengue.
Uma maneira bastante utilizada de se proteger contra o Aedes aegypti é através da aplicação de repelentes e inseticidas. Esse método é o mais usado, tanto que em janeiro de 2019 Bauru registrou um aumento de cerca de 40% na venda de repelentes em supermercados e farmácias.
O repelente deve ser reaplicado de acordo com as indicações da embalagem. Foto: rawpixel/freepik.com |
Fique atento!
O mosquito Aedes Aegypti é atraído pelo gás carbônico exalado pela nossa pele, por isso o repelente deve ser passado em todas as partes expostas do corpo. É importante ficar atento a algumas especificações como o grau de toxicidade das substâncias e a garantia de verificação da Anvisa. Existem versões específicas para adultos, crianças e grávidas, e tempo garantido de proteção. Então o repelente deve ser reaplicado, sim!
Há quem opte por opções naturais de proteção contra o mosquito: plantas como citronela e especiarias como o cravo quando aplicados na pele em forma de óleo ou spray podem ajudar a repelir os mosquitos. Mas, seu período de ação geralmente é curto e infelizmente não há evidências científicas concretas que comprovem que seus usos isolados formem um repelente eficaz.
Então, optar pelos repelentes e inseticidas disponíveis no mercado é a melhor opção desde que verificadas as especificações. A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) elaborou um tipo de guia para facilitar a escolha do consumidor que especifica algumas substâncias que podem ou não ser usadas em grávidas e crianças por exemplo. Você pode acessá-lo aqui
Depois de tanta informação, já está preparado para se prevenir? Os esforços só geram resultados positivos quando somados a ações de responsabilidade e empatia dos moradores. A dengue é uma causa de todos e cabe a nós unir forças para acabar com ela.
Edição: Rebeca Almeida
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