Roupas sustentáveis e brechós são alternativas ao consumidor preocupado com o meio ambiente
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Consumo consciente é uma das formas mais fáceis de evitar gastos desnecessários. Foto:Shutterstoker |
A indústria têxtil é uma das que mais crescem no mundo. Só no ano passado, no Brasil houve um aumento de 5,6% com relação à 2016, além de aproximadamente 5,9 milhões de peças de vestuário produzidas só nesse período.
Entretanto, como fica o meio ambiente nessa história?
Deixando de lado o saldo econômico positivo, nos processos de produção há diversas questões problemáticas ao gerar uma peça nova. Além das crueldades feitas com animais na obtenção de lãs e peles (proibidas por lei), podendo levar a morte dos animais, tecidos que são utilizados diariamente também impactam negativamente o meio ambiente.
Para se obter poliéster são necessários, por ano, em torno de 70 milhões de barris de petróleo, além de ser um material que leva um tempo de decomposição de mais de 200 anos. Já a viscose, fibra constituída de celulose , ocasiona o desmatamento de 70 milhões de árvores por ano. O algodão, que é uma fibra natural, utiliza substâncias tóxicas no seu cultivado, como 24% de inseticidas e 11% de pesticidas, impactando, assim, água e o solo.
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Novas tendências são sustentáveis e evitam gastos excessivos. Foto/Reprodução: Armarioorganico.com.br |
Visando reduzir os impactos na obtenção de novas roupas, surgem duas tendências que se relacionam e que, juntas, vêm ganhando grande destaque. A primeira denominada como moda sustentável, também conhecida como eco fashion, está ligada a forma de produção das peças, se preocupando em evitar essa agressão ao meio ambiente. Enquanto a segunda, conhecida como moda consciente, está relacionada com a compra dessas peças “sustentáveis”, sendo inteiramente ligado a ação da compra.
Contudo, estar preocupado em ser sustentável, pode ir além de comprar peças elaboradas com essa finalidade. Ao comprar peças de roupas já usadas, o consumidor também evita danos ao meio ambiente, além de reduzir gastos econômicos. Para aqueles que estão à procura disso, brechós e roupas de segunda mão são ótimas opções.
O bazar da Vila Vicentina
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Bazar é promovido para ajudar a manter o abrigo para idosos. Foto: Isabela Almeida |
Para quem é de Bauru, há alguns anos a Vila Vicentina vem promovendo um bazar com peças doadas que vão desde R$1 até R$25, variando de acordo com o estado de conservação. O bazar tem como finalidade ajudar a pagar algumas despesas do abrigo para idosos.
Voluntária há mais de 12 anos na Vila Vicentina e trabalhando seis anos com as vendas no bazar, Benedi Souza diz que há um certo preconceito com peças de segunda mão, mas afirma “Quem vem para conhecer, acaba voltando. Se não é pelo preço das peças, é pela variedade e por estarem preocupados com o consumo consciente”.
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O bazar acontece todas às quinas no período da manhã; Foto: Isabela Almeida |
Estudante de jornalismo e apaixonada por looks vintages, Isabelle Tozzo revela que gosta de comprar na Vila Vicentina, pela variedade e “baguncinha” para garimpar, e, principalmente, por gastar no máximo cinco reais nas peças. Além disso, com relação a pegada consciente proporcionada por brechós, a estudante afirma
Em tempos de pensar no meio ambiente, também é importante que a gente repense a nossa forma de consumo. A produção atual da moda gasta muitos recursos como água e energia. A roupa comprada em brechó não foi fabricada para estar lá, por isso ela é sustentável. Além de saber pra quem você está dando seu dinheiro, que são os donos do brechó, que com certeza precisam mais do que os donos das grandes corporações. Então, para quem pensa no meio ambiente, não há porquê não comprar em brechós
Também apaixonada por moda e acostumada a customizar peças de roupas, Greice Luiz resolveu tornar a paixão em negócio. Ao abrir a Charloo, em 2016, resolveu investir na moda afro, customizando e criando peças de uma maneira sustentável, tendo como um das principais matérias primas, roupas de segunda mão vendidas na Vila Vicentina.
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Algumas peças feitas pela Greice. Foto/Reprodução: página no Facebook da Charloo |
Em seu trabalho, Greice se mostra preocupada com a forma que a moda impacta o meio ambiente. A estilista deixa claro:
É extremamente necessário ter essa moda pós consumo, pois através dela é que a gente diminui o impacto no meio ambiente. Acredito nisso, porque a indústria da moda é uma das que mais pesa na questão de aquecimento global. Para fazer um jeans se gasta muito àgua, fora que para se decompor demora. Todas as roupas que são feitas, levam séculos para se degradar. Então, é importante reutilizar uma peça e customizar ela, para que você também possa contribuir de uma maneira positiva com o meio ambiente
Editora: Beatriz Bethlem