Os calçados têm ajudado a criar impacto devido à sua sustentabilidade
Arte: Mateo Andres |
Além da alimentação, o veganismo engloba diversas outras áreas da vida cotidiana. O estilo de vida vegano abrange práticas além de manter produtos de origem animal fora do prato, buscando eliminar toda a forma de exploração animal.
Os esforços em levar uma vida que não exija o sofrimento animal estão presentes no trabalho, em testes, nos produtos cosméticos e também no vestuário. Segundo pesquisa de 2018 realizada pelo IBOPE Inteligência, 14% da população no Brasil já era vegetariana ou vegana. Índice que tem aumentado em relação a 2012, de acordo com a mesma pesquisa.
Na contramão de grandes indústrias calçadistas, as iniciativas veganas em produzir calçados que gerem impacto é uma nova opção de como calçar a moda. As empresas se propõem a ir além de eliminar o couro nas produções, preocupando-se com todo o trabalho, execução e excluindo outros materiais de origem animal como seda e lã.
Existe também a preocupação com todo o processo e origem dos materiais, como a cola, que geralmente é feita de insumos oriundos de porcos e bois e a borracha que compõe a sola. Além disso, há preocupação em apoiar e fortalecer a economia regional através da produção dos calçados, o que contribui com o desenvolvimento dos trabalhadores locais.
Quais são as alternativas aos calçados convencionais?
O “tecido” Piñatex é feito com 480 folhas de abacaxi. Foto por Pineapple Supply Co./Unsplash |
Uma das principais questões dos consumidores, sem dúvidas, envolve saber quais são as alternativas sem insumos animais na confecção dos calçados. O couro animal pode ser substituído pelos tecidos de algodão, poliéster, e também por laminados sintéticos de poliuretano, esse último cumpre bem o papel de imitar o couro animal. Outra alternativa ao couro é o chamado Piñatex, criado pela empresária Carmen Hijosa.
Carmen trabalhou muitos anos prestando consultoria a grandes empresas e percebeu quão nocivo ao meio ambiente é todo o processo do couro. Ao pesquisar sobre alternativas naturais Carmen descobriu no abacaxi, propriedades interessantes e que geralmente não são consumidas, resultando em 25 milhões de toneladas de resíduos descartados todos os anos.
O Piñatex, nome dado ao “couro de abacaxi”, gera biomassa em seu processo industrial, podendo ser utilizado como fertilizante. Além de ser vegano e biodegradável, é mais leve que o couro convencional e também pesa menos no bolso.
As marcas disponíveis no mercado estão cada vez mais amplas, encontramos diversos estilos e opções, todas alinhadas e comprometidas com a causa animal. Entre as mais conhecidas no Brasil estão:
- Insecta Shoes, precursora do #Piñatex;
- Urban Flower, que possui além de calçados uma linha completa de roupas e acessórios;
- Ahimsa, que tem os calçados com nome de gente, como Teresa e Elena.
Nosso papel é escolher materiais que trarão boa vida útil, como também pensar no que será feito, no que é possível ser feito, com os produtos após o uso. De uma maneira geral, quando um calçado chega no final de sua vida, o descarte correto exige a desmontagem e separação das peças. Algumas peças podem ser aproveitadas novamente.
Produção de calçado da marca Ahimsa. Foto: Reprodução/Ahimsa. |
Nelas, o calçado passará pelo processo de desmontagem, reciclagem ou descarte correto. Dependendo do material, geralmente as iniciativas concedem um cupom de desconto para as próximas aquisições dos clientes.
Todo o ecossistema lucra quando escolhemos calçados veganos
Tem crescido a preocupação de adquirir mercadorias com boa durabilidade, resultando assim, na busca pela compra de produtos mais duráveis e evitando a geração constante de novos calçados, por exemplo.
Outra questão que geralmente nos instiga na compra de um produto é o custo-benefício. O preço de alguns produtos veganos pode nos assustar e não é toa, afinal, parte do nosso imaginário se acostumou com a ideia de que um produto sem sofrimento animal, teria preços exorbitantes.
Mas não é bem assim que funciona: encontramos calçados com valores a partir de R$100,00 na maioria das empresas, variando de acordo com o modelo e a mão de obra. Em média o valor é de R$300,00 por um calçado durável, o que entra na questão do custo-benefício.
Vale ressaltar, que todas as marcas citadas na matérias possuem o selo de certificação da organização PETA (Pessoas para o Tratamento Ético de Animais), obtido para instituições que veganas e livres de crueldade.
Calce a diferença
Optar por calçados veganos, gera impacto em diversas áreas. Você pode incentivar a economia regional, gerar menos lixo no meio ambiente, calçar peças únicas, adquirir produtos com excelente custo-benefício e é claro, evitar que animais sofram com o processo. Pense bem antes de adquirir seu próximo calçado, faça a diferença!