Com apenas 35 anos, o candidato à presidência pelo PSOL é o mais jovem a concorrer este ano
Guilherme Boulos do PSOL, candidato à presidência pela primeira vez. Foto: Wanezza Soares |
Por: Letícia Alves
Guilherme Boulos nasceu em São Paulo e é filho de médicos professores da Universidade de São Paulo (USP). Formado em filosofia e história também pela Universidade de São Paulo, foi professor da rede pública e possui grande envolvimento em movimentos sociais, sendo um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST).
Sua inserção na política ocorreu este ano, quando se aliou ao PSOL em março como pré-candidato à presidência.
O documento com as propostas de Boulos possui 228 páginas e está disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral. Para acessar ao documento, clique aqui
Suas propostas em relação à saúde envolvem aumentar o financiamento da saúde pública em 3%, revogando o teto dos gastos do governo Temer. Para a educação, estão inclusos o aumento de verbas e a valorização dos professores, melhorando a formação e os salários. Na questão de segurança, pretende desmilitarizar a polícia e criar uma nova política para fiscalizar as drogas.
Boulos propões investimentos em programas que auxiliam a população pobre, como o aumento do Bolsa Família de R$178,00 para o valor de um salário mínimo (R$954,00). O candidato também possui propostas que garantem salários iguais para homens e mulheres que exercem as mesmas funções no trabalho e pretende colocar em debate os crimes contra a comunidade LGBT+.
Mas e o meio ambiente, como fica?
No documento disponibilizado, Guilherme Boulos dedica cerca de nove páginas de suas propostas para o meio ambiente. A primeira delas é a demarcação de terras indígenas e quilombolas. Esta ação, segundo o documento, garantiria continuidade e ampliação das terras. A representatividade em sua chapa é marcante, com sua vice-presidente Sônia Guajajara que, junto com Boulos, defendem direitos indígenas.
Reforma agrária popular e agroecológica
O candidato defende que a reforma agrária popular e agroecológica irão resolver quatro problemas graves da população do meio rural: moradia para famílias sem-terra, a fome (por conta da produção de seu próprio alimento no campo), emprego (pois o trabalho familiar iria garantir o sustento) e o problema de renda, pois as famílias produzirão, após algum tempo, não apenas para subsistência mas também para comercialização.
Desapropriação imediata de terras de empresas que são responsáveis por grandes tragédias sociais e ambientais
No documento, Boulos cita o caso da Samarco, quando a barragem da mineradora se rompeu no município de Mariana, em Minas Gerais, causando o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de dejetos. Para o presidenciável, esses desastres não podem ser tolerados, e é responsabilidade do governo desapropriar e punir os responsáveis dos fatos.
Para relembrar a tragédia de Mariana, clique aqui
Entre suas propostas para o meio ambiente também estão inclusos:
- Revogação de todas as medidas tomadas pelos governos anteriores que autorizam ou facilitam a utilização de agrotóxicos na agricultura brasileira;
- Eliminação das sementes transgênicas e dos agrotóxicos na agricultura;
- Programa de “Desmatamento zero e manejo e restauração das florestas com espécies nativas”;
- Estabelecer uma meta para eliminação completa e definitiva do desmatamento no país e na destruição da vegetação nativa para manter um clima minimamente equilibrado para as próximas décadas;
- Proteção das águas e sistemas hídricos;
- A remunicipalização dos servições de água nas grandes cidades para, segundo ele, trazer “uma alternativa melhor que a governança hídrica privada”;
- Eliminação das fontes de poluição agrícola (pesticidas e fertilizantes) química e industrial;
- Retomada da proteção dos rios e aquíferos ameaçados de destruição pelo agronegócio e pela mineração. Para Boulos, a aguá exige uma administração democrática, participativa, com distribuição de responsabilidade e arranjos institucionais complexos;
- Romper com o modelo concentrador e predatório dos hidronegócios ligados ao agronegócio, às empreiteiras e à grande indústria;
- Reconstruir, gradativamente, os sistema hídrico que está morrendo e reviver o São Francisco;
- Reverter o quadro da chamada “economia verde”, cujo objetivo é gerar, segundo ele, novos mercados e lucros, como os da água, carbono e da biodiversidade;
- Transição energética e produtiva, visando superar o uso dos combustíveis fósseis.
Outras propostas
Há também propostas direcionadas exclusivamente à Petrobrás, para transformá-la em uma empresa de energia pública, democraticamente gerida e transparente em suas decisões (inclusive as que envolvem o preço do petróleo), com todo um setor voltado para o desenvolvimento de energias renováveis.
As propostas do candidato possuem altos investimentos em programas sociais e também envolvem uma grande mudança sobre o controle que empresas e empresários possuem. Entretanto é necessário notar que não é apenas o presidente que toma as decisões pelo país. Sem aprovação do congresso e apoio partidário, dificilmente as propostas são colocadas em práticas.
Segundo o Congresso em Foco, site jornalístico que faz uma cobertura apartidária do Congresso Nacional e dos principais fatos políticos da capital federal, no congresso predomina homens, com formação superior e donos de patrimônio acima de R$1 milhão.
Dessa maneira, os ideais de um presidente que é coordenador do MTST e bem visto por movimentos progressistas dificilmente serão aprovados. Entretanto, com o atual cenário político polarizado, tudo é possível.
Continue acompanhando…
O próximo candidato que iremos conhecer, será Henrique Meirelles, do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Para conhecer as propostas ambientais de Meirelles, fique atento ao Jornal Impacto Ambiental!