Veja a história sobre a criação do projeto e quais são suas ações
Dimas Gianuca/Projeto Albatroz O Projeto Albatroz é uma organização que protege as aves marinhas no Brasil e foi criado por Tatiana Neves em 1990. O projeto surgiu devido a percepção de que os albatrozes, petréis (nomenclatura de determinada espécie de aves marinhas) e outras aves oceânicas estavam constantemente morrendo em anzóis de pesca.
O plástico também é um grande obstáculo à vida desses animais que o confundem com alimento. Algumas dessas espécies estão em risco de extinção. Desde sua criação a organização tem realizado ações e pesquisas visando a conservação dessas aves.
Tatiana Neves é a bióloga criadora do projeto. Ela é uma das autoras do Plano Nacional de Conservação de Albatrozes e Petréis. Também atua na coordenação de um grupo internacional de proteção dos albatrozes, o Albatross Task Force, que faz parte de uma parceria global de organizações de conservação de espécies, a BirdLife International.
Atualmente, o Projeto Albatroz tem 6 bases em 5 estados. As atividades da organização envolvem o monitoramento da pesca e o envio de observadores de bordo, com o objetivo de verificar se as medidas para proteger as aves marinhas estão sendo utilizadas e coletar dados sobre as espécies.
Também é realizado visitas aos portos e são desenvolvidos projetos de educação ambiental com pescadores. A base de Florianópolis (SC) possui um Banco Nacional de Amostras de Albatrozes e Petréis (BAAP). Onde se realiza o armazenamento de material biológico que fica disponível para pesquisadores.
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A pardela-de-óculos e o albatroz-real-do-norte, ambos ameaçados de extinção/ Foto pardela:Creative Commons por Brian Gratwicke. Foto albatroz: divulgação
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Criação: Isabela Holl |
Eu tenho meu conjuntinho de talheres na minha bolsa, junto com um copo. Assim, posso consumir sem utilizar nada descartável. Também evito comprar garrafa plástica de água.
Alguns sites na internet podem auxiliar pessoas a parar de usar plástico e outros tipos de lixos não degradáveis. O site Um Ano Sem Lixo ensina vários métodos de como substituir o plástico.
Medidas de proteção das aves durante a pesca
Atualmente, 4 mil aves morrem no Brasil, segundo o Projeto Albatroz. Para diminuir a mortalidade desses animais é necessário fortalecer a adoção de medidas mitigadoras, que são medidas que evitam a captura de aves na pescaria.
O ACAP (Acordo Internacional para Conservação de Albatrozes e Petréis) recomenda o uso simultâneo de três medidas: Toriline, a Largada Noturna e Sistemas de Pesos. Essas devem ser usadas na pesca de espinhél pelágico. Essa modalidade de pesca consiste em jogar uma grande linha, algumas possuem cerca de 80 km, com 800 a 1200 anzóis pendurados.
A Largada noturna consiste em começar a pescaria de noite, porque a maioria dos Albatrozes e Petréis têm hábitos diurnos. Porém, em noites claras de lua cheia as aves podem ver as iscas e tentar pegá-las. O Toriline funciona da mesma forma que um fantoche, as aves se assustam e não se aproximam. É uma linha com fitas que fica na popa do barco. O objetivo Sistema de Pesos é que os anzóis do espinhél afundem 20 m, assim as aves não pegarão as iscas.
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Representação das medidas mitigadoras/ Criação Isabela Holl
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Tatiana chama a atenção para a necessidade da regularização do sistema pesqueiro.
A pesca hoje acontece Brasil de uma maneira totalmente desacompanhada. Sem controle nenhum cada um corre e pega o que pode. Não tem como manter a pesca sem regulação, é um assassinato ambiental. O equilíbrio da biodiversidade está sendo afetado no Brasil.
A criação do Projeto Albatroz
A ideia da criação do projeto surgiu na mente de Tatiana quando um estudante da FURG (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Rogério Menezes, veio a Santos para estudar peixes. Ele embarcou em uma navegação que estava pescando com espinhél pelágico. Porém, nessa embarcação foram mortos pássaros como albatrozes e petréis.
Tatiana Neves no início da criação do projeto. Foto: Projeto Albatroz
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Rogério levou essas aves mortas para o Instituto da Pesca de Santos. Ninguém conseguia identificar os pássaros e resolveram chamar uma estudante de Biologia da Unisantos (Universidade Católica de Santos) que estudava aves marinhas, a Tatiana. Foi nesse momento ela descobriu que os albatrozes estavam morrendo em pescas de espinhél.
Eu me sensibilizei muito com isso, vi o quão cruel era, desnecessário e prejudicial para o pescador. Não era bom para ninguém. Como eu iria permitir que os albatrozes morressem presos nos anzóis dessa forma sem que nada fosse feito?
Ela começou a frequentar o terminal de pesca em Santos. Era um ambiente no qual não havia mulheres, conta que sempre ia de jaleco para tentar passar seriedade. Conseguiu estabelecer uma relação de respeito mútuo com os pescadores e eles passaram a dar informações sobre a pescaria e sobre as aves que capturavam, foi o início de tudo.
A falta de recurso para preservação no Brasil
A bióloga conta que no começo a questão financeira foi complicada, o projeto passou vários anos sem recurso. Trabalhava como técnica na Secretaria do Meio Ambiente e mantinha o projeto com seu próprio salário. Ela ressalta a falta de investimento em projetos ambientais no Brasil: “Eu trabalhei sem salário, isso é inaceitável. Muitas vezes se você não faz um sacrifício, não consegue manter o projeto. Não pode ser dessa forma, tem que ser profissionalizado”.
Os primeiros patrocínios foram internacionais. A questão das aves marinhas ultrapassa fronteiras, muitas das aves mortas no Brasil são provenientes de outros países, conta a bióloga. Para ela, o projeto se tornou mais conhecido quando conseguiram o patrocínio da Petrobrás em 2006.
Hoje, o projeto Albatroz faz parte da rede Biomar que são os cinco principais projetos patrocinados pela Petrobras.
Contato
Para ajudar o Projeto Albatroz pode-se realizar doações financeiras. Também pode-se seguir suas redes sociais e ajudá-los a compartilhar suas postagens para que todos saibam mais sobre a conservação e a importância dos albatrozes e petréis.