O Renca em situação de risco

O decreto que liberava a exploração mineral na Renca foi revogado, mas área ainda está sob ameaça

Amazônia
(Foto: Varga Stefanel)

Após muitas críticas de ambientalistas, ONGS, figuras públicas e de diversos setores da sociedade, o governo de Michel Temer decidiu revogar o decreto que liberava a exploração mineral na Amazônia na área da Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca). A área está localizada entre os estados do Amapá e ParáAssinado em 23 de agosto de 2017 pelo presidente da república e apoiado pela bancada ruralista, o decreto pretendia extinguir a reserva, tornando possível a exploração de minérios na região por empresas privadas.
Renca


                                  Mobilização em Ipanema Contra a Extinção da Renca. (Foto por Greenpeace Brasil)

O Impacto preparou um infográfico com todas as informações necessárias sobre a Renca. Confira

                                                            (Infográfico: Rafaela Thimoteo) 

Caso o decreto de extinguir a Reserva prosseguisse, essas áreas que já sofrem com garimpos ilegais e violência contra os índios estariam em um perigo ainda maior.

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                                         Areas protegidas pela Renca. (Fonte: https://goo.gl/p1wZX4) 

Amarilis Hernandes, 53, formada em Biologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e professora por 25 anos, explica que “com a extinção da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados) um conflito poderá ocorrer entre a exploração dos minérios e a conservação da natureza. Se realmente houver mineração, os danos poderão ser irreversíveis, tais como o desmatamento, prejudicando a vegetação que serve de alimento, moradia e medicamentos para seres humanos e outros seres vivos.”

Ainda de acordo com Amarilis, o solo amazônico possui uma camada pequena de matéria orgânica (húmus) e essa fina camada fértil é oriunda da própria floresta. Sem a vegetação, o solo com o passar do tempo vai perdendo essa camada fértil tornandose improdutivo.

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         Artistas e ambientalistas protestam em defesa da Amazônia Rio de Janeiro. (Foto por Agência Brasil Fotografias)

A professora de biologia segue explicando: “além disso,este solo superficial será levado por águas pluviais ou fluviais causando assoreamento dos rios, provocando a morte de muitos peixes, já que por falta de luminosidade nos rios as algas não farão fotossíntese e consequentemente faltará oxigênio.”

Amarilis Hernandes também ressalta que a floresta é responsável pela alimentação de vários peixes, já que frutos que caem na água servem de alimento para eles. Outro fator preocupante para a bióloga é que a Floresta Amazônica contribui para o clima no Brasil e América Latina, e caso a área seja liberada para a exploração indevida, o clima do país (e de outras partes do mundo) será prejudicado.

 A região da Amazônia é um grande entreposto de umidade, pois recebe muita umidade do Oceano Atlântico e apresenta muita produção de vapor realizada pela vegetação, gerando muitas chuvas na região. Uma parte dessa umidade é transportada para outros locais, como o Sudeste, por exemplo, assim cientistas acreditam que a floresta amazônica é responsável por influenciar o clima no Brasil e América Latina. 

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Reserva Nacional do Cobre e Associados (Foto: Editoria de Arte/G1)

Temer e a bancada ruralista

A bancada ruralista, ou Frente Parlamentar da Agropecuária, é formada por deputados do Congresso que defendem medidas que beneficiem o agronegócio, muitas vezes em detrimento do meio ambiente. Seu objetivo é reivindicar por mais financiamento rural e pela flexibilização das leis trabalhistas e ambientais.


Além disso, a bancada ruralista critica a reforma agrária.Há uma forte relação entre Michel Temer e esses políticos, pois foi com o apoio dos ruralistas que o atual presidente conseguiu a maioria dos votos para rejeitar a denúncia contra ele no plenário da Câmara. Temer foi acusado de usar a Amazônia como moeda de negociação com esses deputados. A exploração das riquezas minerais da Renca beneficiaria muito a bancada ruralista e as empresas de mineração privada.


Amazônia
(Foto: prodbdf)


Quando a reserva foi criada, apenas a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que é uma empresa pública do Ministério de Minas e Energia, podia explorar a Renca mas com o objetivo de fazer pesquisas geológicas para avaliar os minérios na região.

Manifestações contra o decreto 

O governo decidiu revogar o decreto após a repercussão extremamente negativa tanto no país como no exterior. As manifestações ocorreram no Rio de Janeiro, em Ipanema, organizados pela ONG ambientalista Greenpeace. Protestos também foram feitos no festival de música Rock in Rio por artistas e pelo público.
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Mobilização em Ipanema Contra a Extinção da Renca  (Foto por Greenpeace Brasil)

Edição: Mariane Borges

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