Estudo realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora destaca a necessidade de preservação das espécies marinhas
Por Davi Marcelgo
Na região costeira da Angola, a pesca artesanal tem causado a morte e ferimento acidental de tartarugas, aponta pesquisa que registra a captura de 5 espécies: tartaruga-oliva ( Lepidochelys olivacea ), a tartaruga-de-couro ( Dermochelys coriacea ), a verde ( Chelonia mydas ), a tartaruga-de-pente ( Eretmochelys imbricata ), e a cabeçuda ( Caretta caretta ). Entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, foram capturadas 403 da espécie tartaruga-oliva e outras 2 tartarugas-verde, no total, 219 morreram e 18 ficaram feridas.
O estudo foi publicado pela revista científica Global Ecology and Conservation (Ecologia e Conservação Global) e realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora em parceria com o Projecto Kitabanga do Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências Naturais da Universidade Agostinho Neto em Angola.
O monitoramento foi acompanhado durante agosto de 2015 e março de 2016, sendo pescadas ao todo 1.219 tartarugas. A maior taxa de mortalidade nos últimos três meses do ano é justificada pelo período de nidificação (momento em que os ninhos são construídos e os ovos incubados) que ocorre durante essa época. O que leva a considerar que a maioria eram fêmeas, representando uma ameaça para a continuidade da vida da população.
A pesquisa foi produzida a partir das entrevistas com pescadores locais, que promovem o sustento e emprego da região. Os trabalhadores pescam peixes, porém, com o uso das redes de emalhar, outros animais marinhos também são puxados para fora d’água.
As tartarugas-oliva vivem em média menos de 100 anos, se alimentam de peixes e invertebrados, como camarões e caranguejos. A espécie coloca em média 120 ovos por ninhada, mas só atingem maturação sexual em torno dos 10 anos. Enquanto as tartarugas-verde vivem aproximadamente 75 anos e alcançam a capacidade de se reproduzir apenas aos 20 anos. Sua alimentação é composta de pequenos invertebrados marinhos e algas, mas ao atingir a fase adulta, se torna herbívoro.
O comércio internacional de tartarugas marinhas é proibido pelo Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), e pessoas em posse de material marinho podem ser multadas e ter o equipamento de pesca confiscado pelo governo angolano.