A biorremediação como alternativa

O processo pode ser um aliado na redução de áreas afetadas por poluentes diversos

Imagem: shutterstock.

Os processos biotecnológicos têm ganhado cada vez mais destaque no meio científico. Em especial, está a biorremediação. A biorremediação ou biotecnologia do controle da poluição, como também é conhecida, é um processo em que os organismos vivos são utilizados para remover ou reduzir a concentração de poluente no ambiente em que estão inseridos. Essa técnica é recomendada pela comunidade científica, já que não causa poluição secundária, ou causa menos.

O processo em si

Cada processo da biorremediação é particular. Na maioria das vezes, são necessárias adequação e otimização específicas para a aplicação nos diferentes locais afetados. Além disso, é preciso que sempre haja uma análise dos parâmetros físicos, químicos e biológicos.
A biorremediação pode ser implantada em águas superficiais, subterrâneas, solos e afluentes industriais. Alguns fatores podem influenciar na biodegradação: entre eles estão os fatores físicos e químicos (como o pH e a salinidade), fatores extrínsecos (temperatura e umidade) e fatores relacionados aos poluentes.

A implementação do processo

A implementação da biorremediação depende de quatro elementos. São eles, respectivamente, a avaliação da natureza do composto, a caracterização da contaminação, o planejamento do tipo de biorremediação e, por fim, a decisão por biorremediação in situ ou ex situ– o termo in situ ou on-site representa o processo de biorremediação realizado no próprio ambiente contaminado, e ex situ é a intervenção realizada fora da região de contaminação.

Charge autores: Daniel Ribeiro, Ana Catarina Ferreira, Alexandra Nobre (Fonte: Banco de Imagens – Casa das Ciências)

Entrevista

Para saber mais sobre o processo de biorremediação, confira a entrevista com Eduardo Muniz Santana Bastos, farmacêutico/bioquímico, mestre em Biotecnologia e doutor em Biotecnologia em saúde pela Universidade Federal da Bahia.
Impacto: Existe algum ponto negativo da biorremediação? Se sim, quais?
Eduardo: Sim. É evidente que em todos os processos existam pontos positivos, assim como pontos negativos ou limitantes. Em particular, no processo de biorremediação para auxiliar na recuperação de áreas ambientais afetadas por poluentes, quando se emprega a adição de nutrientes, oxigênio e outros com associação do controle de pH, umidade e temperatura (bioestimulação) e/ou no acréscimo de organismos que não existam no ambiente natural contaminado (bioaumentação) poderá ser um ponto negativo, pois pode acarretar a redução ou perda de predadores importantes para a retirada de micro-organismos exóticos utilizados na ciclagem dos polímeros que constituem os produtos contaminantes do meio em questão e consequentemente poderá ocasionar um desequilíbrio no ecossistema.
Impacto: Essa técnica pode ser utilizada em todos os casos?
Eduardo: Sim. O processo de degradação de poluentes em ambientes naturais transformando-os em produtos com estrutura molecular menos agressiva ao meio ou promovendo sua mineralização, no caso de metais pesados por micro-organismos, sempre estará acontecendo de forma natural e contínua em ambientes como solo e água. No entanto, a depender do tipo, quantidade e exposição destes contaminantes, torna-se necessário a utilização de metodologias técnica-científicas no que norteia o processo biorremediação.
Impacto: Em quanto tempo os efeitos da biorremediação podem ser percebidos?
Eduardo: A biorremediação propriamente dita restringe ao ato de remediar ambientes específicos contaminados por produtos externos. Seguindo este conhecimento, não podemos determinar com precisão a ação imediata dos micro-organismos e/ou plantas, pois todos os organismos viáveis têm sua ação atrelada às condições pertinentes ao local afetado. Muitas tecnologias estão sendo empregadas para otimizar a ação biorremediadora, como por exemplo o desenvolvimento genético no intuito de realizar possíveis modificações de genes para expressão de enzimas como esterases e lipases, que contribuem para intensificar a ação atenuadora de ambientes poluídos.
Impacto: Para que haja a biorremediação, é necessário que os micro-organismos sejam geneticamente modificados? Se sim, isso ocorre em todos os casos?
Eduardo: Não, o principal processo utilizado na biorremediação é a atenuação natural. Neste caso, em particular, utiliza-se processos de adaptação da própria microbiota nativa ou cultivados para degradar ou imobilizar contaminantes no ambiente que se deseja remediar. A biorremediação acontece pelo simples fato dos microrganismos utilizarem o processo metabólico de compostos orgânicos complexos como única fonte de carbono, gerando posteriormente reduzidas concentrações de compostos contaminantes ao longo do tempo. 
Impacto: Qual o custo médio desse processo?
Eduardo: Quando se inicia um estudo de um ambiente contaminado e que precisa da biorremediação, é necessário primeiramente realizar um estudo da delineação exata e pormenorizada de um terreno, o tipo de ambiente contaminado, os agentes poluidores presentes neste meio, principais plantas e microorganismos presentes (nativos) para iniciar uma avaliação de custo médio de cada processo a ser utilizado. Embora muitas empresas de países desenvolvidos realizem estudos específicos e estratégicos de uma possível contaminação de ambientes tenham aproximadamente valores pré-estabelecidos para o uso da biorremediação.

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