Quando o assunto é lixo, Suécia e Noruega têm muito o que ensinar a outros países
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(Fonte: engdofuturo.com.br) |
Você consegue imaginar a quantidade de lixo que é produzido por ano no Brasil? De acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), só em 2010, os brasileiros geraram cerca de 60,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos, sem contar é claro, todo o lixo que não é recolhido. E o pior é que esse número só vem aumentando.
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Agora imagine lugares onde a falta de produção de lixo é um problema, é difícil de acreditar que isso exista, mas é o caso de dois países, são eles Suécia e Noruega. Lá as pessoas não estão produzindo lixo o suficiente, e essa carência fez com que fosse necessária a importação do lixo. Tudo isso porque o sistema de reciclagem e eliminação de resíduos desses dois países são tão revolucionários que eles estão ficando sem lixo.
Desde 2009, os aterros sanitários foram proibidos na Noruega, levando o país a investir em modernas instalações para transformação de lixo em energia térmica, que é canalizada para prédios residenciais e comerciais. Nessas instalações, todo o lixo gerado pela população e pela importação é incinerado e o seu calor usado para aquecer a água que é enviada para o sistema de calefação de Oslo para a produção de eletricidade a partir do vapor. Uma usina de incineração em Klemetsrud com sua capacidade de queimar 300 toneladas diariamente abastece sozinha, 60 mil de um total de 340 mil lares em Oslo.
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Fornos da usina de Klemetsrud têm capacidade para 300 toneladas diárias de lixo. (DW/ L. Bevanger) |
Apenas 1% do lixo produzido na Suécia vai para lixões, o restante é reciclado, reutilizado ou transformado em energia renovável. A eficiência de sistemas de gestão de resíduos é tão grande que são 32 usinas especializadas no aproveitamento da biomassa para a produção de eletricidade. Uma das principais razões que tornam esse sistema sueco modelo em sustentabilidade para o mundo todo é, sem dúvidas, fruto de um trabalho de décadas.
A reciclagem se faz presente em todos os setores, as empresas são obrigadas a separar adequadamente os seus lixos, assim como os fabricantes que precisam recolher os resíduos pós-consumo de seus produtos. Cada três toneladas de lixo é capaz de produzir a mesma quantidade de eletricidade que uma tonelada de petróleo. Esta opção faz com que o país deixe de consumir, anualmente, 670 mil toneladas de petróleo e outros combustíveis fósseis.
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(Lixo vira energia e cinzas; Usina na Suécia, hypescience.com) |
Os cidadãos costumam “controlar” o lixo gerado já que, a taxa de recolhimento é proporcional à quantidade gerada, além da coleta de lixo ser uma das mais rigorosas do mundo.
Os sistemas de gestão do lixo dos dois países (Suécia e Noruega) são muito parecidos, se as usinas têm menos lixo, significa ter menos energia, porém, esses dois países começaram a disputar o lixo importado, uma vez que, é mais barato descarregar o lixo na Suécia que possui complexos industriais de incineração mais antigos e por isso cobram menos. Não são os países importadores que pagam pelo lixo e sim, os países exportadores do lixo, portanto quanto mais barato, mais lixo é descarregado.
Atualmente, há um movimento na Noruega proposto pela União Europeia para que também se aplique ao setor de eliminação de resíduos o princípio da proximidade, isso é, os municípios devem levar o lixo até a estação mais próxima e não à mais barata.
A forma que esses países encontraram resolve um dos maiores problemas do lixo: a falta de espaço para o descarte de resíduos, que em aterros sanitários produzem gases de efeito estufa e prejudicam o meio ambiente, além da energia gerada pelas usinas incineradoras que pode substituir os combustíveis fósseis.