Preço de alimentos básicos já subiu o dobro da inflação nos primeiros meses do ano.
Por João Pedro Nieri
O recente aumento no preço dos alimentos nos primeiros meses deste ano tem gerado preocupação entre especialistas e autoridades governamentais. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os alimentos e bebidas registraram um aumento de 2,34% no país durante janeiro e fevereiro de 2024, quase o dobro da inflação oficial no mesmo período, que foi de 1,25%.
Essa disparidade levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a convocar uma reunião ministerial para discutir o assunto, dois dias após a divulgação dos dados pelo IBGE.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), atribuiu o aumento dos preços a questões climáticas e sazonais, expressando otimismo em relação a uma possível redução nos próximos meses.
Os estoques reguladores, adquiridos pelo governo durante períodos de baixa de preços e liberados no mercado quando os preços sobem, têm sido negligenciados desde a gestão anterior. O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) extinguiu essa política, resultando em aumentos significativos nos preços dos alimentos em 2022.
Diante desse cenário, o presidente Lula prometeu restabelecer os estoques como uma medida para controlar os preços. Em junho do ano passado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou sua primeira compra de alimentos em seis anos. No entanto, os estoques de diversos produtos essenciais estão atualmente zerados, pressionando ainda mais a inflação.
Além disso, a área plantada de alimentos básicos no país vem diminuindo em favor de culturas voltadas principalmente para a exportação, como a soja. Essa mudança na produção agrícola, aliada aos efeitos das mudanças climáticas, tem impactado negativamente a oferta de alimentos e contribuído para o aumento dos preços.
Em resposta às preocupações, o governo anunciou que está preparando medidas para priorizar a produção de alimentos no Plano Safra, que conta com recursos significativos para o agronegócio. No entanto, críticos argumentam que é necessário um equilíbrio maior nos investimentos entre o agronegócio e a agricultura familiar, a fim de garantir a segurança alimentar e conter os aumentos de preços.