Cooked: Uma série sobre cultura culinária

Nossa relação com a alimentação moldou culturas e costumes diversos ao longo da história humana

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(Foto: poppicnic)
Cooked é uma série documental, produzida pela Netflix e lançada em 2017. Ela retrata a nossa relação com os alimentos, mostrando como essa relação foi permeada de tradições e costumes, cultivados e transmitidos ao longo da evolução humana. Muito desse conhecimento está presente em nosso cotidiano, sem que percebamos esse fato.
A série é baseada no livro do jornalista Michaell Pollan. São quatro episódios, denominados fogo, água, ar e terra, respectivamente. Os quatro elementos que representam nossa conexão com o planeta e ao longo dos episódios acompanhamos Pollan numa narrativa deslumbrante.

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                                                                    (Foto: Suzana [Gourmets])

A história começa com o fogo: um elemento essencial para nossa consolidação como humanos, nos distinguindo de outras espécies, já que somos a única que passou a cozinhar alimentos (principalmente carne). Isso nos permitiu economizar tempo e energia, pois a comida ficou mais macia para mastigar. Assim, podíamos nos dispor a fazer outras coisas, e consolidar sociedades mais integradas. Esse fato só foi possível por conta da dominação do fogo.

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                                                                        (Foto: StockSnap)
Cozinhar com água representa um grande avanço tecnológico pois é preciso panelas que resistam ao calor do fogo. Os primeiros utensílios de barro permitiram que começássemos a cozinhar e a misturar sabores. Muitas culturas de países diversos mantem uma relação muito forte com o ato de cozinhar. Na índia por exemplo, se costumar cozinha em caçarolas e isso é parte de uma tradição ligada fortemente com a natureza.

A série mostra também que o ar deve ser o elemento mais enigmático, já que não podemos vê-lo e transformamos a comida com ele. Por exemplo, o que acontece com a farinha e água que resulta no pão?

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                                                                           (Foto: Pexels)

A resposta é: fermentação. Ela com certeza foi encarada como a mais incompreendida parte da culinária, pois não envolve calor: ela é feita por microrganismos, as enzimas, que transformam os alimentos.

As bebidas alcoólicas são as que utilizam o mais antigo tipo de fermentação, e são diversas as formas de se fazê-la. No quarto episódio vemos uma tribo que faz a fermentação com uma enzima presente na nossa saliva, obtida por meio mastigação da mandioca.

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                                                                         (Foto: arigrumelli)

Mas, o embate e a reflexão que Cokeed nos apresenta é que perdemos a capacidade de dispor de tempo. É ele que falta nas receitas, e buscamos sempre atalhos para cozinhar. Os restaurantes e supermercados representam a economia de tempo que a modernidade inventou. 
Cozinhar agora é opcional: os produtos processados que surgiram depois da segunda guerra foram totalmente convenientes. Eram usados de diversas formas em diversas refeições. A carne enlatada, por exemplo facilitava a vida das mulheres, que trabalhavam ainda mais. No entanto, quando terceirizamos a responsabilidade da nossa comida corremos o risco de perder um pouco de nós mesmos.

A relação das espécies com a natureza são relações culturais. Somos um produto da culinária e suas transformações são profundas. Cozinhar significa coisas diferentes em épocas diferentes pra gente diferente, e, em um mundo em que poucos de nós somos obrigados a isso, se torna um protesto contra a especialização, contra a racionalização da vida e ao interesse comercial em instancias de nossa vida. Cozinhar é independência. (Trecho Extraído do Documentário)

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