Os problemas de estrutura urbana e mobilidade em Bauru afetam os moradores
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O investimento em transporte público é uma das formas para se vencer os problemas de mobilidade e estruturais das cidades (Foto: Giovanna Hespanhol) |
Nos centros urbanos é notável o grande número de carros circulantes. O planeta sofre com o aumento de automóveis individuais, pois, além dos gases poluentes e tóxicos liberados por eles serem prejudiciais à saúde e ao ambiente, causam problemas estruturais urbanos, como engarrafamentos.
O investimento no transporte coletivo é importante para amenizar essa situação. Em Bauru, onde bairros periféricos dependem de ônibus para acesso ao centro, e como a cidade também conta com universitários que vêm de fora e necessitam desse tipo de transporte, percebe-se a necessidade de aumentar a disponibilidade desses veículos, tanto para ajudar o meio ambiente, quanto para suprir as necessidades da população.
No gráfico abaixo, formulado pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) em 2013, verifica-se a emissão total de gases dos veículos por milhões de toneladas por ano. A emissão de poluentes de um automóvel individual é 2,66 vezes maior que a de um ônibus municipal.
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Comparativo entre a emissão de gases por diferentes veículos por milhões de toneladas/ano. Base: 2013. (Gráfico: ANTP) |
De acordo com o senso de 2015 do IBGE, Bauru é uma cidade com 366.992 habitantes e possui 165 mil carros circulantes, segundo dados de 2015 do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Esses números alertam que há um carro para cada 2,22 habitantes da cidade.
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Frota da cidade de Bauru (Gráfico e tabela: IBGE) |
Para saber mais, acesse: Cidades IBGE
Planejamento e Mobilidade
De acordo com a professora de engenharia Barbara Stolte Bezerra, especialista nas áreas de trânsito, tráfego e análises viárias, Bauru sofreu um fenômeno comum a todas as cidades brasileiras. Com a forte migração da população do campo para as cidades, entre os anos 1950 e 1960, estas foram construídas sem planejamento adequado. Isso acarretou os grandes problemas estruturais urbanos encontrados hoje.
O crescimento rápido de Bauru ultrapassou os limites das rodovias, o que segrega a cidade em áreas e torna essas estradas, muitas vezes, em passagens obrigatórias para se chegar a algum lugar. Mobilidade não se trata apenas de qualidade das ruas, mas também de rotas planejadas que facilitem o acesso a locais por caminhos mais curtos e seguros.
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Bairros periféricos de Bauru necessitam de transporte público para ter acesso ao centro (Foto: Giovanna Hespanhol) |
Falta de ciclovias, calçadas esburacadas e a pouca acessibilidade para cadeirantes e pessoas com deficiência de mobilidade mostram o descuido com os pedestres e ciclistas. Isso mostra como os órgãos públicos de Bauru pouco pensam no conforto dos moradores.
Muitos cidadãos dependem de transportes coletivos eficientes, e o atraso dos ônibus e pouca disponibilidade de linhas é um grande problema. Mariele Almeida, que utiliza o transporte de duas a três vezes por semana, diz que já se prejudicou no trabalho por conta de atrasos. De acordo com ela, o horário divulgado no site da empresa responsável pelos coletivos não é o mesmo que funciona na prática.
Por que não conseguimos aumentar a utilização do transporte coletivo?
Apesar dos motoristas terem conhecimento sobre a poluição causada pelos automóveis, o número desses veículos circulantes apenas aumenta, pois as pessoas preferem ter seu próprio automóvel a utilizar o transporte público.
A professora Bárbara reforça que, para aumentar o número de usuários do transporte público, deve ser oferecido uma viagem mais rápida que dos próprios carros e caminhadas curtas entre a residência do indivíduo e o ponto de ônibus. Devem ser feitas melhorias nos ônibus circulares, como redução do preço da passagem, maior acesso, mais horários e menos atrasos. Sem deixar de notar a falta de conforto dos ônibus, que estão quase sempre lotados.
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Os pontos de ônibus precisam ser próximos das residências (Foto: Giovanna Hespanhol) |
Uma solução certeira, segundo a professora, seria criar faixas exclusivas para o transporte coletivo. Em uma cidade universitária e segregada em bairros como Bauru, isso deve ser colocado como prioridade. Moradores bauruenses que vivem nas periferias da cidade, afastados do serviço e do comércio, dependem de um transporte instável e com rotas ruins que não alcançam toda a população. Por vezes, possuem bicicleta, mas não têm suporte necessário e seguro para andar pela cidade.