As perspectivas políticas de Donald Trump para o meio ambiente e o ceticismo climático

Scott Pruitt, indicado para a secretaria do meio ambiente pelo Donald Trump, é um negacionista, mas o que exatamente isso significa? 


Flickr/Daniel Lobo 

A indicação de Scott Pruitt para a secretaria do meio ambiente dos Estados Unidos no final de 2016 gerou uma repercussão bastante controversa, não só entre os americanos, mas entre várias pessoas de todas as nacionalidades. O republicano Pruitt é formado em direito, secretário estadual de justiça do estado de Oklahoma, e abertamente cético quanto aos impactos que as interferências humanas causam nas mudanças climáticas. O senado americano deverá ratificar essa indicação em breve. 


Mas o que é o negacionismo climático? 

Negacionismo climático ou ceticismo climático são termos que referem-se às teorias de um grupo de pessoas que negam o aquecimento global. Segundo uma pesquisa (http://www.ucsusa.org/sites/default/files/legacy/testfolder/aa-migration-to-be-deleted/assets-delete-me/documents-delete-me/ssi-delete-me/ssi/DoranEOS09.pdf) realizada pela organização americana Union of Concerned Scientists, no ano de 2009, apenas 1% dos climatologistas em atividade nos Estados Unidos poderiam ser classificados como negacionistas. A pesquisa também aponta a existência de contradições teóricas presentes nas ideias defendidas pelo grupo, que se baseiam em hipóteses bastante discrepantes para justificar o aumento da temperatura no planeta. Muitos céticos afirmam que o aquecimento no planeta não existe e pode ser atribuído as ilhas urbanas de calor que contaminariam as medições de temperatura. 


Apesar disso, essas teorias aparentam ter uma grande influência na opinião pública dos EUA. 

Uma reportagem publicada em dezembro de 2015 pelo jornal inglês The Guardian (https://www.theguardian.com/environment/2015/dec/08/greenpeace-exposes-sceptics-cast-doubt-climate-science), revelou uma operação realizada pelo Greenpeace que expôs um esquema em que dois importantes pesquisadores e professores universitários, céticos do clima, prestavam um serviço de contratação, no qual se disponibilizavam a escrever artigos pregando os benefícios do aumento dos níveis de dióxido de carbono e os benefícios do carvão para o meio ambiente. 

A reportagem aponta que professores de universidades de prestígio nos Estados Unidos podem ser patrocinados por empresas de combustíveis fósseis para escrevem relatórios que criam dúvidas quanto às mudanças climáticas, sem que esses patrocínios sejam divulgados. 

Essas indústrias ligadas ao uso de combustíveis fósseis apoiam a indicação de Scott Pruitt, visto que o secretário de justiça foi contra o Plano de Energia Limpa lançado por Obama no ano de 2015. Este plano obriga os governos estaduais a substituírem energias fósseis por renováveis e tinha como objetivo a redução de 32% das emissões de gases de efeito estufa das usinas de energia em todo o país até 2030. 

Link: Por que os negacionistas do clima fazem tanto sucesso? 
Pruitt na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC). (Fonte: Flickr/gageskimore)

Pruitt entrou na justiça acompanhado por outros 27 estados para barrar o projeto, agora ele só entrará em vigor depois de ser reavaliado pela justiça americana. Além disso, os laços do secretário de Oklahoma com a indústria do petróleo e do carvão foram documentados em uma reportagem do jornal Times no ano de 2014. Foi descoberto que algumas cartas supostamente escritas por Pruitt e enviadas à própria secretaria do meio ambiente do governo americano, na verdade haviam sido redigidas por um grande defensor da indústria do petróleo em Washington. 

Para o senador e pré-candidato democrata à casa branca em 2016 Bernie Sanders, “o problema de Pruitt não é apenas negar a mudança climática, mas também ser alguém que tem trabalhado muito próximo da indústria de energia fóssil para tornar este país mais dependente dela”.

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