Copos plásticos: qual é o impacto do descartável?

De acordo com dados da ONU, o plástico representa 80% do lixo do oceano

lixo descartável
Foto: Pixabay/MatthewGollop
Estima-se que são consumidos, no Brasil, cerca de 720 milhões de copos descartáveis por dia, o que corresponde a 1500 toneladas de resíduos plásticos produzidos diariamente segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos (ABRELPE).

 Esses copos são produzidos a partir de poliestireno, componente derivado do petróleo, que é uma fonte não renovável de matéria-prima. Produtos fabricados a partir desse material não são biodegradáveis, ou seja, não são decompostos pelos microorganismos presentes na natureza, o que faz com que o seu tempo no meio ambiente seja muito longo.

 A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que mais de oito milhões de toneladas de plásticos chegam aos oceanos todo ano. Gabriel Hirata é graduado em Gestão Ambiental, pesquisou a concentração de pellets plásticos em uma das praias de Guarujá, no litoral do paulista e explica que o plástico que chega ao oceano tem origem no descarte incorreto de materiais usados no cotidiano como sacolas, canudos, embalagens de alimento e copos descartáveis.

No entanto, os microplásticos, aqueles que têm menos de cinco milímetros de diâmetro, também estão presentes no ambiente marinho. Eles podem ser encontrados na forma de pellets, pequenos grânulos plásticos – que são as formas básicas de comercialização – e resíduos de cosméticos, como esfoliantes.

 Embora não tenham a aparência desagradável de outros resíduos, os microplásticos adquirem relevância por sua quantidade e persistência no ambiente marinho

 Esse material pode causar a morte de animais como peixes, mamíferos marinhos e aves, que confundem os resíduos plásticos com alimentos e acabam ingerindo-os, o que pode bloquear o trato intestinal do animal, reduzir a absorção de nutrientes pelo organismo ou criar uma falsa sensação de saciedade, resultando em morte por falta de alimento.

 Além disso, Gabriel Hirata aponta que os plásticos podem impedir ou dificultar a penetração de luz e as trocas gasosas, o que prejudica os organismos fixos, como recifes. Os microplásticos, especialmente, permitem que compostos químicos entrem na cadeia alimentar.

Essas substâncias hidrofóbicas (compostos químicos tóxicos) aderem às partículas plásticas levando a uma acumulação que pode alcançar um milhão de vezes o nível que normalmente apresentam quando dispersas na água, de forma que sua ingestão pode acarretar problemas hormonais nos organismos marinhos que os consomem, e, indiretamente, em humanos, já que muitos desses organismos, em especial os peixes, são comuns na dieta humana

Para reverter essa situação, é preciso colocar em prática o conceito de redução, reutilização e reciclagem desses materiais e, foi a partir desses conceitos, que algumas instituições de ensino brasileiras tomaram iniciativas para diminuir o consumo de copos descartáveis.

Foto: Pixabay/Meineresterampe – Os copos podem demorar de 250 a 400 anos para se decompor

Alternativa

O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), através do programa IFSC Sustentável, distribuiu para todos os seus alunos e servidores, em 2013, canecas produzidas com fibra de coco. O material escolhido é biodegradável e tem durabilidade maior do que o plástico comum.

A Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Marília adotou uma medida similar à instituição catarinense. A Rede Viva Melhor de Marília registrou, em 2015, que a unidade gastou 16 mil reais na compra de copos plásticos descartáveis, majoritariamente destinados ao consumo de sucos, água e café.

Diante dos dados, no ano passado, o campus de Marília comprou 3 mil canecas de acrílico reutilizáveis para serem distribuídas para toda a comunidade acadêmica.

 A estudante de Fisioterapia da UNESP de Marília, Aline Medolago Carr, reconhece que a ação vêm mostrando resultado, já que algumas áreas da Universidade já não oferecem opções descartáveis.

Além disso, ela acredita que o projeto ajuda a conscientizar a comunidade acadêmica, uma vez que O RU (Restaurante Universitário) não distribui mais copos descartáveis. Então, “se você leva a caneca, você toma suco, caso contrário, não”, afirma.

No maior campus da UNESP, em Bauru, um projeto semelhante já foi posto em prática. Edvaldo Jose Scoton, técnico administrativo da FAAC (Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação), conta que foram distribuídas canecas reutilizáveis para todos os funcionários – técnicos e docentes – das três unidades do campus: FAAC, FEB (Faculdade de Engenharia de Bauru) e FC (Faculdade de Ciências).

“Na FAAC e FC foi através do Projeto Rede Viva Melhor, que foi extinto pela atual reitoria. Na FEB, além das canecas [do Projeto Rede Viva Melhor], a Professora Drª Rosane Battistelle, através do Projeto Recicla, também distribuiu canecas”, explica o técnico.

Apesar da existência de um projeto, ele não alcança todos da comunidade acadêmica. Os estudantes, maior parte das pessoas que frequentam a UNESP, não receberam canecas reutilizáveis. O Restaurante Universitário e outros locais da unidade ainda distribuem copos plásticos descartáveis.

Reportagem atualizada em 11/06/2018.

Editora: Giovanna Romagnoli

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