Ecodesign: uma nova forma de pensar

Produtos ecofriendly estão populares, mas os preços nem tanto


Hammock é um suporte para plantas feito pela designer Ana Morais, peça única e artesanal em macramé (Foto: c-a-s-u-l-o)

Fazer mais com menos é um desafio diário. Dessa forma, priorizar materiais locais, economizar no transporte, pesquisar a composição do material e suas propriedades, pensar em formas de diminuir a geração de resíduos, encontrar elementos naturais que consumam menos água em sua produção, são pontos essenciais quando o objetivo é impactar cada vez menos o planeta, ou impactar de maneira positiva.

Reutilizando o velho jeans (Foto: Arquitrecos)

Essas premissas geram um custo que nem sempre é favorável ao bolso do consumidor. No entanto, os designers dizem valer a pena o investimento, já que os produtos ecoeficientes têm maior durabilidade, além de valorizarem a cultura local e prejudicarem menos o meio ambiente.

Os produtos são mais caros porque eles estão levando em consideração não apenas a economia racional que é o material e a produção. Os produtos ecofriendly estão considerando o meio ambiente, a sociedade, a cultura, o bem estar, explica o designer Luan Valloto.

Faz com que tudo se transforme e incorpore mais valor. Escolher materiais melhores e fazer com que as pessoas recebam melhor e de forma mais justa torna mais caro. Está incorporando a dimensão ambiental, cultural, econômica e tantas outras, isso custa.

O que é complementado pela arquiteta Viviany Samartin, cursada em Construção Sustentável e Educação Ambiental. Segundo ela, se fôssemos analisar os benefícios desses produtos em face a preservação do meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas, possivelmente o entendimento seria outro. “A relação do caro e barato muito tem a ver com a percepção do valor agregado e os benefícios que o produto proporciona as consumidor”.

Ecoeficiência na sociedade

(Pinterest/aartedeensinareaprender.com)

Temos que lembrar que nenhum produto é sustentável, já que criando e colocando mais produtos no mundo já estamos produzindo lixo e afetando o meio ambiente. Mesmo assim, algumas empresas se aproveitam dos termos e conceitos que atraem um público consciente para venderem produtos que não têm a premissa sustentável. São embalagens, propagandas, ou até mesmo o desenvolvimento de apenas um produto ecológico para reproduzir o conceito, mas o resto das produções serem altamente poluentes.

“Gostaria que não fosse mais necessário utilizar o termo ‘ecodesign’ e falarmos somente em design, inserindo naturalmente às questões relativas ao ambiente no cerne dos projetos, mas a indústria não está pronta para sair do ciclo tradicional de fabricação, utilizando matéria prima virgem” diz Mariana Piccoli, designer e escritora do blog Coletivo Verde.

Dê preferência por produtos feitos à mão por pessoas da sua comunidade (Meias de Crochê por Bruna Szpisja)

Aos poucos, no entanto, o consumidor está ganhando outras opções além das grandes marcas. O jeito mais fácil de acompanhar essas propostas é pelas redes sociais, através de #Hashtags e buscas simples. Entretanto, é importante ressaltar que consumir os produtos locais é mais valioso ainda para a sociedade e a cultura.

O designer Luan Valloto, cuja especialidade é na indústria têxtil comenta comenta que tem trazido “a possibilidade de fazer roupas, tecidos, tapetes, com a produção artesanal, utilizando a mão de obra de pessoas que utilizam alguma técnica de artesanato. Isso faz que eu não consuma energia e valorize esse lado do social, a convivência, as pessoas, isso é muito gostoso, é muito legal”.

Os produtos ecofriendly nas camadas populares

Por vezes, as camadas mais populares da sociedade geram soluções bastante interessantes de produtos em torno da falta de recursos. Um dos caminhos a seguir para esses produtos alcançarem a massa é aproximar as pessoas dos processos de desenvolvimento fornecendo conhecimento, ferramentas e informações sobre os ciclos de produções atuais.

Reaproveitando canos de PVC na decoração da casa (Foto: Minha casa, minha cara)

A arquiteta Vivianny Samartin ressalta que essa consciência tem que partir das indústrias, através do desenvolvimento processos produtivos mais ecoeficientes, com tecnologias menos poluidoras e mais baratas, para que o produto final seja mais acessível e mais aceito perante às camadas populares. “É uma conduta cíclica, onde todos precisam entrar de cabeça para que possa, de fato, acontecer”.

 Mariana Piccoli, designer e escritora do blog Coletivo Verde, completa dizendo que os consumidores precisam “repensar os hábitos e refletir sobre o que realmente importa, um produto barato ou um produto justo, que entregue solução de qualidade, bom gerenciamento de recursos e bem estar às pessoas”.

Edição: Maria Gabriela Zanotti

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