Acidente deixou sequelas no ecossistema local e mudou a saúde e a economia dos habitantes da região
Foto: Distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana (MG)/Crédito: Flickr – Rogério Alves/TV Senado |
No dia 5 de novembro de 2015 ocorreu uma catástrofe ambiental na cidade de Mariana, região central de Minas Gerais, após o rompimento da Barragem de Fundão da Samarco (empresa atuante no ramo da mineração e controlada pela Vale), em que foi difundida lama carregada de resíduos tóxicos para o meio ambiente. Segundo a própria companhia, cerca de 10,5 milhões de m³ de rejeitos atingiram o Rio Doce e seus afluentes, causando um prejuízo social, econômico e 19 mortes.
Danos ambientais
A região atingida com a lama foi prejudicada e projetou consequências irreversíveis na natureza. Na vida aquática do Rio Doce e seus afluentes ocorreu a extinção de diversos peixes, que levou a um desordenamento na cadeia alimentar do ecossistema.
O biólogo Ricardo Motta Coelho aponta: “no primeiro momento causou a morte dos anfíbios predadores e houve, por exemplo, uma explosão da população de mosquitos.” Além disso, Ricardo ressalta o prejuízo para a pesca na cidade de Regência, localizada na foz do estuário do rio Doce, onde afetou a economia dos moradores que não podiam obter renda através do comércio de peixes na região.
A questão dos mosquitos pode estar atrelado com o surto da Febre Amarela, “sem os anfíbios responsáveis pelo controle, eles (mosquitos) se proliferaram em grande escala e migraram para os outros estados do país” explica a química Katia Almeida.
O desastre ambiental atingiu o ecossistema aquático, não somente na fauna, mas também no próprio rio como gerador de água para a população das redondezas devido a alta concentração de rejeitos nocivos à saúde.
A química também contempla outro problema da lama ao analisar que no fundo do rio, assim como no leito, ainda contém a “lama decantada e a qualquer movimento a mesma sobe à superfície contaminando novamente”.
Tais metais de contaminação não são visíveis, o que os torna mais perigosos, já que a cristalinidade da água gera a impressão de que está limpa. Além disso, a lama ao secar forma uma camada densa que irá inviabilizar o desenvolvimento da fauna e da flora.
Foto: Metais pesados encontrados na lama/Crédito: Vitoria Pereira |
Planejamento da crise
Algo que foi amplamente discutido após o rompimento da barragem, foi a negligência da Samarco em não prever o desastre e consequente não compreender ações preventivas, como exemplificou o geógrafo Erico Soriano, atuante na área de desastre naturais:
Através da existência de Planos de Ação Emergenciais, Planos de Contingência, Simulações e Treinamentos para o risco do rompimento da barragem e visando a redução da vulnerabilidade dos grupos populacionais localizados a jusante da barragem
Atualmente
Para reformular as regiões atingidas está ocorrendo uma mobilização por parte da empresa Samarco em conjunto de associações pró ambientais, como:
A Fundação Renova que foi criada com o intuito de reestruturar algumas áreas de Minas Gerais e Espírito Santo que tenham sido atingidos pela lama. É um programa idealizado pela assinatura entre o Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) e o Governo Federal, juntamente com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outros órgãos que primam a preservação ambiental.
Foto: Caminho seguido pelos rejeitos/ Crédito: Site da Samarco |
Bruno Milanez, doutor em política ambiental, diz que a fundação dificulta o acesso a informação sobre o que está sendo feito ao não dar abertura para que pesquisadores independentes investiguem também.
O IBAMA também tem articulado grandes esforços para conter a contaminação das áreas afetadas. O Instituto divulga diversos relatórios sobre as últimas atividades realizadas na região e atua na presidência do Comitê Interfederativo – CIF.
A presidente do IBAMA, Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo afirma que “estão em curso atualmente 42 programas socioambientais e socioeconômicos para reparar e compensar os danos ocorridos”.
Sobre as a possibilidade de uma efetiva melhora nas regiões prejudicadas, Suely explica que terá muitos anos para uma recuperação e considera que o Ibama e demais entidades públicas envolvidas no monitoramento das ações, a cargo da Fundação Renova, têm atuado com muita dedicação.
Edição: Giovanna Romagnoli