O estilo de vida autossuficiente dos anos 70 ganha adeptos nos centros urbanos do Brasil
Foto: Ipoema/Princípios da permacultura no esquema em flor proposto pelo ecologista David Holmgren |
O modo de vida urbano – baseado no consumo de produtos industriais, transgênicos e consequentemente na produção massiva de lixo – é cada vez mais insustentável para o planeta. Em condições escassas de recursos naturais, muitos pensam e colocam em prática saídas sustentáveis a relação humana com o meio ambiente. A permacultura é uma destas práticas. Um movimento contracultural dos anos 70 e efervescente nos dias de hoje chega até os perímetros urbanos do país.
A permacultura é um conhecimento transdisciplinar, produto da pesquisa de Bill Mollison – cientista naturalista nascido na Tasmânia – e David Holmgren – ecologista e escritor – sobre os saberes ancestrais em relação a terra e que se dissemina com princípios humanísticos, comunitários e sustentáveis para seus adeptos.
As comunidades existentes seguem um sistema de aprendizado e de tarefas, ligados desde estratégias legais para o acesso à terra até a construção de uma casa ou de meios alternativos para a produção de energia. Envolvendo os moradores nas tarefas que beneficiam todos
O objetivo é resgatar e disseminar um modelo de sociedade consciente dos processos produtivos. Hoje em dia a produção de comida, roupas, casas e energia, por exemplo, são terceirizadas. Chega-se ao extremo, havendo pessoas que nunca viram vacas na vida, mesmo consumindo leite constantemente. Na cultura permacultural, os indivíduos participam de todos os processos e cuidam uns dos outros – de acordo com a ligação criada em cada comunidade.
Em Botucatu o Grupo Curare – do latim, cuidar – surgiu na UNESP em 2009 e ministra os PDC’s (Curso de Permacultura, do inglês Permaculture Design Certificate Course) a custos menores, visando aumentar o alcance da formação no país. Além dos cursos, o grupo oferece oficinas relacionadas ao tema como palestras introdutórias, elaboram projetos de design permacultural e visitas pedagógicas no Sítio Beira Serra (Botucatu/SP), na qual os alunos do ensino básico entram em contato com técnicas de bioconstrução e vivenciam a permacultura num espaço em que ela é presente diariamente.
Foto: Grupo Curare/Bioconstrução coletiva de um forno promovida pelo Grupo Curare |
Raquel de Arruda, professora do ensino básico e integrante do grupo Curare de Permacultura em Botucatu, acredita que o resgate, a análise o os conhecimentos transmitidos na permacultura são essenciais para conscientizar as pessoas sobre o que elas consomem, as escolhas que fazem e como agem.
Um permacultor vai além de compostar em casa, plantar uma agrofloresta ou construir uma cisterna. Eu, como permacultora, passei a analisar de forma profunda a minha relação com as pessoas que convivo diariamente, a repensar a compra de produtos e tomar decisões de consumo de forma mais consciente.
Ao que tudo indica, os cidadãos do perímetro urbano estão cansados do estilo de vida acelerado e estão buscando alternativas para uma melhor qualidade de vida, pois o adoecimento nas cidades não afeta só o meio como também seus habitantes. Assim, a onda dos alimentos orgânicos, curas alternativas e a prática de esportes ganham força, agindo como feedback ao estresse gerado diariamente.
Para mais informações, o grupo de extensão Timbo, da Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, disponibiliza online o livro “Fundamentos da Permacultura” que traz conceitos e princípios do sistema de vida exposto, explicando o que é prezado dentro das comunidades e também suas devidas aplicações no cotidiano.