SAWRÉ MUYBU: Uma terra que não é nossa

O povo indígena Munduruku luta há anos pelo direito à posse de suas terras

Foto: Auto Demarcação no Tapajós
No início de agosto o IBAMA- depois de muita pressão – optou pelo arquivamento do processo de licenciatura da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará. Além do alto custo, a construção de uma hidrelétrica na região oferece riscos ambientais, principalmente para o povo Munduruku, que auto demarcaram o seu território em 2014 e 2015, exigindo do governo o reconhecimento de seus interesses e de sua existência.
Após o reconhecimento da FUNAI em abril desse ano, o povo Munduruku, enfim, conseguiu que sua terra Sawré Muybu continuasse a ser demarcada. A região possui cerca de 178 mil hectares e está localizada nos municípios de Itaituba e Trairão, no Pará.
Índio Munduruku às margens do Rio Tapajós (Foto: Greenpeace)
Por conta de interesses do governo, o processo estava paralisado desde 2013 e ainda não foi oficializado, está em fase de contestação, apesar de estudos arqueológicos afirmarem que os Munduruku vivem desde a época do Brasil colônia nas margens do Rio Tapajós. 
A Hidrelétrica de Tapajós alagaria cerca de 7% das terras Indígenas de Sawré Muybu obrigando a remoção de aldeias – o que é proibido por lei- e comprometendo,  não só a sobrevivência dos Mundurukus, mas de toda a fauna e flora existente no local.

Os Munduruku reinvindicam pela demarcação efetiva da Terra indígena de Sawré Muybu. No dia 11 de Agosto, o cacique-geral Arnaldo Kaba Munduruku e Ademir Kaba Munduruku, representantes do povo Munduruku, estiveram em Londres, em frente a multinacional SIEMENS, junto com ativistas da ONG Greenpeace, para pedir que não haja envolvimento da empresa na construção da Hidrelétrica, preservando a biodiversidade da região e a vida do povo Munduruku.

Segundo o Greenpeace, o CEO da Siemens enviou executivos para se reunir com os líderes Munduruku e se comprometeram a marcar uma reunião entre as partes envolvidas na questão.

Ainda existem outros projetos de usinas hidrelétricas na bacia Tapajós, formada pelos Rios Teles Pires, Juruena e Jamanxim. Os protestos de movimentos sociais pela preservação da Bacia do Tapajós e contra a construção de Usina Hidrelétrica na região ainda não cessaram.

A petição Deixe o Tapájós Viver” realizada pelo Greenpeace contra a construção de hidrelétricas no Tapajós já conta com mais de 1,2 milhão de assinaturas.

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