Como o biochar pode nos ajudar a combater o aquecimento global

O carvão vegetal tem se destacado por diminuir emissão de metano e os efeitos da agricultura extensiva

Biochar é o carvão vegetal produzido a partir de qualquer matéria vegetal como ramos, cascas, palha, etc. Foto: Simon Dooley


Por Victória Roberta

Não é novidade para ninguém que a agricultura extensiva é responsável por uma das maiores degradações ao meio ambiente. Atualmente, existem mais de 1 bilhão de cabeças de gados pelo mundo, e o Brasil lidera esse ranking com cerca de 220 milhões de animais.

O consumo de carne está intrinsecamente ligado a gastos exorbitantes de água e grãos. Ao ingerir os alimentos o gado libera uma grande quantidade de metano (CH4), um gás cerca de 25 vezes mais nocivo do que o dióxido de carbono (CO2) que potencializa o efeito estufa e consequentemente o aquecimento global.

Recentemente, uma série de estudos tem chamado atenção sobre um material que tem mostrado bom desempenho quanto a diminuição de metano: o biochar. Ele tem sido adicionado à ração de ruminantes, com a intenção de reduzir a emissão do gás.

O biochar é produzido através da pirólise, que é a combustão sob pouca quantidade de oxigênio em temperaturas baixas. Sendo então um processo de alta estabilidade da biomassa, que podem ser materiais orgânicos que provavelmente seriam descartados. O uso destes resíduos carbonizados tem crescido como forma de aumentar a fertilidade do solo.

O processo da formação do biocarvão acontece através do rearranjo dos átomos de carbono, tornando-o mais poroso. Geralmente relacionamos o material aos solos que tem origem antropogênica, porém, estes solos são formados ao longo de milhares de anos, havendo assim, uma reposição orgânica constante durante este tempo. 

Quando aplicado ao solo, o biocarvão pode aumentar o pH, a capacidade de troca de cátions (CTC) e carbono orgânico. No aumento da fixação biológica de nitrogênio e minerais, há diminuição das perdas por lixiviação.

Os pesquisadores associam o biocarvão à Terra Preta de Índio, um solo com alta fertilidade, formado através da decomposição e matéria orgânica, como restos de plantas e animais que ali habitavam.

Atualmente, podemos encontrar no carvão vegetal — aquele mesmo que usamos para os dias de churrasco — um possível biochar. Além do carvão vegetal, podemos encontrar no bagaço de cana, casca de arroz e resíduos vegetais no geral, propriedades que atuem como o biochar.

O biochar tem a propriedade de transformar o solo no qual é depositado, capturando o carbono atmosférico e depositando-o no local por um longo período de tempo. Entre as hipóteses, uma delas afirma que ele é uma substância carbono negativa e age diminuindo o carbono no meio, ao invés de apenas neutralizar. Já por outra linha de raciocínio, o biochar pode favorecer o crescimento de comunidades microbianas.

Mas que história é essa de “Ciclo do Carbono”?

Ciclo do Carbono representado de forma reduzida por Brasil Escola. Imagem por: Uol

O ciclo do carbono é um ciclo biogeoquímico e é o processo responsável pela reciclagem do elemento. Este processo pode ser explicado como dois ciclos que acontecem em diferentes velocidades. O primeiro deles é o ciclo geológico, que ocorre em uma escala de milhões de anos e é responsável por movimentar o carbono na atmosfera, hidrosfera e litosfera.

Já o segundo, o ciclo biológico do carbono, está relacionado com todos os seres vivos em nosso planeta. As plantas, ou organismos que realizam fotossíntese, são as responsáveis por transformar o CO2 retirado da atmosfera em oxigênio. Neste processo, o carbono é a matéria-prima para que sejam feitas moléculas orgânicas.

Os seres humanos e outros animais precisam destas moléculas orgânicas para sobreviver, transformando o oxigênio (O2), em CO2. A transformação acontece através de dois processos, o de respiração e o de decomposição.

No primeiro, o ser utiliza o oxigênio e libera gás carbônico. Já no segundo há também a liberação de água. Atividades como o desmatamento e o excessivo uso de combustíveis fósseis tem acentuado o efeito estufa, causando o aquecimento global.

Qual a diferença entre efeito estufa e aquecimento global?

Comumente há uma certa confusão ao falarmos deste assunto. Mas afinal o que cada um desses termos significam? O Impacto explica!

O efeito estufa é um fenômeno natural que é importante para manter a superfície da Terra aquecida, garantindo a sobrevivência no planeta. Tal efeito ocorre devido aos gases atmosféricos, capazes de segurar parte do calor que vem do Sol. Entre estes gases estão o gás carbônico e o gás metano.

Porém, nas últimas décadas, observamos o aumento exponencial das emissões desses gases na atmosfera. Este fenômeno atrapalha a troca de calor da Terra com o espaço, uma vez que a radiação penetra na superfície e não é liberada. Esse processo consequentemente acentua a quantidade de calor retido, aumenta a temperatura do planeta e é chamado de aquecimento global.

Considere o veganismo!

No Brasil a expansão de pastos muitas vezes é feita por meio do desmatamento de áreas florestais. Foto por gang coo via Unsplash

A agropecuária é uma das maiores causadoras do aquecimento global: ela é responsável por cerca de 69% dos estragos causados ao nosso planeta. Com quantidade e oferta de cabeças de gados maior do que o necessário, não é só o globo terrestre que sofre com isso.

Ano após ano, pesquisas apontam o crescimento da adesão ao veganismo, uma alternativa viável para reduzir os impactos negativos causados pela consumo de carne e de produtos de origem animal.

Edição: Nayara Delle Dono

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