Conheça a pesca esportiva, a atividade de lazer que não fere animais

Muitas pessoas ficam boiando sobre o tema que além de divertir ainda é sustentável


Luana Karine, pescadora esportiva apresentadora do programa Elas na Pesca do Fish TV, segurando um tucunaré. (Foto: Reprodução/Instagram)
Por Carolina Capucho 

A pesca esportiva caracteriza-se como uma prática sustentável da pescaria na medida que é não só uma forma de lazer, mas também uma maneira de não impedir a reprodução das espécies. Para que isso seja atendido, é necessário que os pescadores tenham cuidado em relação a maneira como se pesca e os materiais que auxiliam na atividade, a fim de não interferir no ciclo de vida dos peixes.


Essa categoria também é conhecida como “pesque e solte”, mas apesar do nome, a prática não é tão simples assim, pois depende de cuidados e do uso de materiais muito específicos. Pensando nesse diferencial, portanto, o Jornal Impacto Ambiental reuniu as principais dúvidas sobre a modalidade e aplicou elas neste texto, para que você não fique boiando, mas aprenda a nadar por esse assunto!


Gêneros da pesca

A pesca como recreação pode ser definida como uma pesca amadora, uma vez que não se exige nenhuma formação prévia para praticá-la a não ser os conhecimentos acerca dos equipamentos. Pensando nisso, segundo o pescador Ricardo Mendes, as modalidades categorizadas na emissão da licença de pesca amadora são duas: pesca embarcada e pesca desembarcada, também conhecida como pesca de barranco.

Ele explicou que “pesca embarcada, como próprio nome diz utiliza-se qualquer tipo de embarcação (bote, caiaque, barco, lancha…) e a pesca desembarcada ou pesca de barranco, de dentro da água, [é com] pesqueiros, a pé em qualquer lugar que tenha acesso”.

De baixo para cima: pesca desembarcada e pesca embarcada (Fotos: Reprodução/Papo Reto com Pepe Mélega e Município de Setúbal).

Começando a pescar…

Se engana quem pensa que para ser pescador em atividade basta chegar pegando os peixes com qualquer vara e anzol! A pesca por esporte exige equipamentos especiais que não machuquem ou causem poucos danos ao peixe. Assim sendo, não são bem-vindos anzóis com fisga ou garateias (tipo de anzol com mais de uma fisga, comum na pesca de tucunarés), que fazem rasgos na pele da espécies, mas prefere-se anzóis sem fisga, que são mais fáceis de serem retirados e são menos danosos.
Três tipos de anzóis utilizados na pesca. Da esquerda para a direita, os dois primeiros não são aconselháveis para a pesca recreativa e o último é o mais adequado.

Não há a garantia de que o uso inadequado do anzol pode trazer malefícios ao animal, mas recomenda-se cuidado. “Já se encontrou peixe com anzol dentro do estômago e pode ocorrer da alimentação de algum peixe ter sido impedida em algum momento por conta do objeto, mas não é possível confirmar essa hipótese, pois caso algum peixe tenha morrido, ele não foi encontrado depois” explicou Fábio Porto-Foresti, coordenador do Laboratório de Genética de Peixes da Faculdade de Ciências da Unesp de Bauru.
Por outro lado, mesmo com essas especificações, pode acontecer do peixe pegar a isca completa e o anzol ficar no fundo da boca. Nesse caso, “deve-se cortar o anzol e deixar a parte crítica no peixe para que o metal se dissolva, o que normalmente acontece em alguns dias”, afirma Ricardo Mendes, praticante da pesca desportiva há 20 anos.
Além das iscas sem ponta, algumas pessoas costumam usar redes para pegar os peixes. Entretanto, é preciso cuidado para que o atrito entre os fios da rede e a pele do animal não tenha o muco removido, camada protetora que ajuda a diminuir o atrito com a água e previne infecções.


A isca foi fisgada, e agora?

O jeito como se manuseia o peixe, assim como os anzóis, tem certo e errado. A Cartilha de Pesca Esportiva do Governo do Tocantins aconselha que se pegue os peixes em posição horizontal, já que retirá-los da água de pé pode causar o rompimento de órgãos ou uma hemorragia interna e diminuir o tempo de vida deles fora d’água, o qual já é limitado há poucos minutos. “De maneira alguma se deve colocar a mão dentro da guelra do peixe, a abertura lateral da cabeça, onde o peixe faz a respiração e filtra a água para retirar o oxigênio”, ressaltou Ricardo Mendes.
Aliás, nessa hora o cuidado com o muco do peixe também volta! “Para proteger isso, convém segurar com a mão molhada e agarrar na parte da calda e da cabeça, preservando o corpo”, aconselha Fábio Porto-Foresti. 
“Se for um pintado, um peixe comprido, tem que saber como retirá-lo da água porque às vezes pode machucá-lo ou até mesmo quebrar a coluna por ele ser bem grande”, alerta Rodrigo Carvalho, pescador de tradição familiar. Para manter a proteção cutânea também proíbe-se o uso de pano e exige-se que as mãos do pescador estejam molhadas.
É indispensável destacar que não é permitido pegar os peixes em pé, como frisou Alex Souza, representante do grupo de pesca Tamba Limeira: “Na hora da foto [tem que estar] sempre agachado, pois ele se bate muito, pode cair e, dependendo, ele pode morrer…”. Com o objetivo de evitar esses ocorridos, “os pesqueiros onde mais frequento oferecem equipamentos para retirada do peixe da água e tapetes de borracha para que o peixe não se bata no chão e [nem] se machuque”, conta Elieder, pescador que tem 16 anos de experiência no ramo.
Alex Souza, do Tamba Limeira, segurando um Tambaqui. (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal).

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Edição: Letícia Alves

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