Tainhas registram índices de contaminação por microplásticos em zona de preservação ambiental em São Paulo

Pesquisadores apontam que 70% dos peixes analisados possuíam resíduos de plástico no sistema digestivo

Créditos: Divulgação NASA

Por Renata Otaviano

Peixes do litoral sul de São Paulo registraram altas taxas de contaminação por microplásticos. Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Federal do Paraná (Ifpr) revelou que uma a cada sete tainhas (Mugil brasiliensis) apresentaram partículas provenientes do plástico em seu trato digestório. 

Entre 2016 e 2018, foram feitas quatro coletas de tainhas vindas do Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia, uma área de preservação ambiental no litoral paulista. De 57 peixes analisados, 40 estavam contaminados. A pesquisa indica também que 95% desses resíduos são micropartículas de nylon – material que compõe as redes de pesca utilizadas para a atividade comercial no local. A coautora do estudo, Gislaine Filla afirmou à Agência Bori que os dados comprovados fazem parte de um quadro preocupante:“esses resultados são semelhantes a outros estudos, realizados na mesma região com diferentes espécies de peixes e também corroborados por estudos provenientes de outras regiões do litoral brasileiro”.

O contato com a água do mar, associada ao atrito com o solo, fragmenta o plástico em microfibras que são invisíveis a olho nu, sendo digeridas pela fauna marinha. Ainda assim, outras formas de contaminação como o descarte indevido de lixo nas praias não podem ser excluídas.

Saúde Pública?

Na costa paulista, as tainhas fazem parte da dieta da população, o que eleva o grau de seriedade do problema. O consumo da carne do peixe contaminado por microplásticos já foi associado em diversos trabalhos científicos ao desenvolvimento de doenças digestivas, cardíacas e neurológicas em humanos.

Filla explica que “à primeira vista, podemos pensar que este plástico não será negativo para os seres humanos, mas os plásticos trazem consigo produtos químicos, corantes, pesticidas e agrotóxicos”.

Publicado na revista “Biodiversidade Brasileira”, o artigo dá mais um alerta para os impactos da pesca marinha intensiva e desregulada, além do descarte indevido de material inorgânico em zonas litorâneas.

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