Jovens universitários também são responsáveis pela sustentabilidade de Bauru.

Cerca de 20 mil estudantes de ensino superior residem na cidade e com eles há a geração de resíduos que influenciam diretamente na sociedade e no ambiente 

Em áreas onde há grande predominância de jovens universitários como na Avenida Nações Unidas, é comum se observar
embalagens descartadas nas ruas, longe das lixeiras/ Foto: Letícia Alves 

Por: Letícia Alves
Segundo o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2016 o brasileiro produziu cerca de  78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos durante o ano, cerca de 1,04 quilos de resíduos por habitantes ao dia.


No centro-oeste paulista, 467 municípios geram cerca de 16.988 toneladas por dia de resíduos urbanos. Em Bauru, de acordo com o plano que gere o saneamento básico, a produção de resíduos dos habitantes, equivale a pouco mais de 112 mil toneladas ao ano. Segundo Nivaldo Peres, membro da gerência de limpeza pública, são coletados por dia na cidade, 300 toneladas de resíduos orgânicos e apenas 7 toneladas de resíduos recicláveis.


Um dos problemas enfrentados pelos estudantes, é a falta de coleta seletiva em suas residências, que faz com os resíduos
tenham o mesmo destino, mesmo que separados / Foto: Letícia Alves

É fato que todos na sociedade são influentes na produção de resíduos urbanos e parte dessa responsabilidade também é deles: os jovens universitários.

De acordo com pesquisas realizadas no censo escolar pelo INEP do Ministério da Educação, Bauru é a quarta cidade universitária com maior número de estudantes no interior, com cerca de 20 mil alunos matriculados no ensino superior.

Na cidade, os universitários compõem a identidade do ambiente e ocupam locais públicos e privados. Aqueles que estão apenas morando “por um tempo” fazem de Bauru seu novo lar, em repúblicas, apartamentos ou pensionatos.

Os jovens, apesar de contribuírem com a comunidade em projetos, também são responsáveis pela produção de cerca de 20 mil quilos de lixo residencial diário. Muitas vezes, o descarte de produtos do cotidiano não é feita de maneira adequada, principalmente de embalagens de alimentos fast-food, que são comuns na dieta dos jovens.   
A Universidade Estadual Paulista (UNESP), possui 3 unidades universitárias com cerca de 7000 alunos  e representam 35% de todos os jovens bauruenses no ensino superior. Gabriel Soldeira é estudante de jornalismo na universidade e conta que se alimenta com fast-food cerca de duas vezes por semana.


Ele diz que não possui o hábito de separar os materiais recicláveis, pois em seu prédio não há coleta seletiva. Já Gabriel Caldas e Matheus Pereira, estudantes de engenharia mecânica, contam que não consomem muitas comidas fast-food, porém sempre separam o lixo reciclável do orgânico. Mateus Nicolau é estudante de Física e também relata que, quando pede algum alimento, separa em sacolas os resíduos orgânicos dos não-orgânicos.

Em regiões próximas à supermercado, além de embalagem de fast-food, também são comuns a presença de
sacolas, embalagens diversas e recipientes de plástico / Foto: Letícia Alves 

Um dos principais resultados do descarte irregular de embalagens, são os alagamentos que ocorrem em ruas e avenidas responsáveis por grande fluxo de pedestres, motoristas e ciclistas. Eles ocorrem quando resíduos descartados na rua entopem os bueiros e impedem o escoamento da chuva, fazendo o nível da água subir, cobrir asfaltos e arrastar com intensidade os objetos.

Alguns trabalhadores e estudantes universitários, por exemplo, dependem da avenida Nações Unidas, que constantemente é alagada. A população costuma ficar ilhada em estabelecimentos, por conta do alto volume da água em dias chuvosos, que apenas diminui com a desobstrução dos bueiros.
Há ainda, além da coleta, alguns jovens que praticam pequenos gestos sustentáveis, que causam impacto não apenas ambiental, mas também social. É o caso de Giovana Orsari, estudante de jornalismo que, além de separar seu lixo, doa seu óleo utilizado para a fabricação de sabão, contribuindo com os 30 milhões de litros de óleo reciclados por ano no país.


Ela também doa todos os seus jornais recebidos em Bauru para a instituição APAE de sua cidade, onde são reaproveitados na confecção de produtos artesanais, que beneficiam não apenas o ambiente, mas também a produção do artesanato dos frequentantes.



Editora: Beatriz Bethlem

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