Resenha: Coral, cadê você?

A importância da sobrevivência dos recifes de corais explicada 

O poster do documentário Em busca dos corais faz um jogo de palavras e explica que o que está embaixo, revela o que vem pela frente. Foto: Reprodução/Netflix


No dia 12 de outubro foi celebrado o Dia Nacional do Mar no Brasil. Além daquela praia gostosa do final de semana, os oceanos abrigam uma rica biodiversidade. Nesse grande ecossistema, encontram-se os recifes de corais.

Os corais são animais cnidários adaptados a viverem em colônias, que recebem o nome de recifes. Eles são animais exclusivamente marinhos e o corpo do indivíduo de cada colônia (recife) possui o nome de pólipo. Eles sobrevivem por simbiose com microalgas, isto é, as algas realizam fotossíntese produzindo energia para os corais, enquanto o animal fornece um local seguro para a planta.

Acima um exemplo do que acontece após a morte de um coral.
Produção: Caio Alasmar. 

Os recifes são tão importantes para o ecossistema marinho como as árvores são para a terra firme. É com a proposta de explorar e entender porque  essas criaturas estão desaparecendo que o documentário Chasing Coral – Em Busca dos Corais na tradução – trabalha. Dirigido e escrito por Jeff Orlowski, sua equipe composta de cientistas, fotógrafos e mergulhadores viajam o mundo para descobrir porque os corais estão embranquecendo.

O branqueamento, como é chamado, é um fenômeno onde os corais perdem as microalgas, dessa forma a espécie fica branca – que na verdade é o próprio esqueleto do animal que é formado por carbonato de cálcio. 
Após estudos, a conclusão foi que o aquecimento das águas causam a morte dos recifes. O que acontece é que quando a água está mais quente que o normal, as algas não fazem fotossíntese. No lugar, elas expelem toxinas, o coral enxerga como um agente estranho e expulsa as algas. O coral fica literalmente branco de fome e se as condições do ambiente não ficam favoráveis, o animal morre e com ele o recife todo se vai.
Não é de hoje que os corais estão desaparecendo pois os primeiros sinais aconteceram por volta dos anos 80. O primeiro grande branqueamento global aconteceu por volta de 1997/1998. O alerta é que o desaparecimento está acontecendo com mais frequência, pois as águas estão ficando gradativamente mais quentes. 
Produção: Caio Alasmar
As consequências desse desaparecimento são preocupantes. As algas que vivem nos recifes são alimento para peixes pequenos, que por sua vez, são alimento de predadores maiores, como baleias e golfinhos, dificultando sua sobrevivência. Os seres humanos serão afetados na indústria do turismo e da pesca, por exemplo. 
As catástrofes naturais tendem a ficar piores: os recifes servem como quebra-mar nas praias, e diminuem o impacto de ondas fortes. Sem essa diminuição, a erosão costeira seria um problema para construções humanas, assim as cidades costeira tem altas chances de desaparecerem.  
O problema está no mundo todo, inclusive na Grande Barreira de Corais na Austrália. O local é tão impressionante que é possível visualizá-lo do espaço. Nesse local milhares de espécies de animais e plantas se unem, é lá que os peixes coloridos australianos se encontram. É lar também de seis das sete espécies de tartarugas marinhas, incluindo a tartaruga-de-pente, ameaçada de extinção. Para se ter uma ideia, só em 2016, um terço dos corais da superfície da Grande Barreira foram declarados mortos, e o branqueamento avança para os recifes mais profundos.
A morte de um coral influencia a vida de outras espécies que necessitam desse organismo para sobreviverem.
Produção/Caio Alasmar

E como está a situação no Brasil?

O fenômeno também acontece no país tupiniquim: Os recifes estão presentes em aproximadamente 3 mil km de costa, sendo o único modelo recifal do Atlântico Sul. Cientistas brasileiros localizaram na região de Ubatuba, litoral norte de São Paulo, o branqueamento da espécie coral-cérebro.
Cerca de 80% das colônias branquearam e 2% morreram e pode parecer pouco, mas não é normal para aquele local, ainda mais que a espécie é conhecida por ser bem resistente. Outro caso, foi na região do arquipélago de Alcatrazes, também litoral norte de São Paulo. Nesse caso, cerca de 30% das colônias coralinas branquearam. Segundo a bióloga Katia Capel, há esforços para preservação da fauna e flora nesse arquipélago e seria uma hipótese para a amenização dos danos.
Com a ajuda de mergulhadores, o documentário produz cenas de tirar o fôlego, mas que faz o público refletir a respeito.
Foto/Reprodução: Netflix
O documentário Em Busca dos Corais está disponível na Netflix e é uma boa forma de entender uma das consequências do aquecimento global, muitas vezes deixada de lado. Baseado na tendência atual, em 30 anos, é possível que a maioria dos recifes estejam mortos, se os governos não voltarem seus olhos para a elaboração de soluções práticas.

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Edição: Letícia Alves

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