Do campo à mesa e ao Youtube: você sabe o que come?

Youtuber Francine Lima criou canal para influenciar público a pensar mais no que come
Francine em três poses diferentes, uma tentando ouvir algo, outra gritando em um megafone e outra olhando algo em um binóculo e apontando para a frente
Francine Lima é jornalista e fez mestrado em Nutrição e Saúde Pública (Foto: Reprodução/Facebook)
Com mais de cinco milhões de visualizações e 125 mil inscritos, o canal “Do Campo à Mesa” ganha cada vez mais notoriedade com as denúncias e críticas feitas pela jornalista e mestre em saúde pública, Francine Lima. 
Dona do canal no YouTube e do site, ela tem como objetivo mostrar “a verdade sobre os alimentos – e também as mentiras que a indústria conta”. Confira a entrevista com a youtuber:
Como surgiu a ideia do canal? E qual é seu principal objetivo?
Eu já trabalhava há bastante tempo com o tema “alimentação” como repórter de revista e blogueira. Desde sempre me interessava em fazer um trabalho educativo em prol da saúde. Migrei para o YouTube para alcançar um público maior e explorar outras linguagens.
Qual é o público-alvo do “Do Campo à Mesa”?
Quero falar com todo mundo! O público atual é bastante variado. Tem homens e mulheres em igual proporção, a maioria com idade entre 18 a 40 anos.
Como é a criação dos roteiros do canal? Como seleciona os assuntos?
Meus critérios de seleção dependem dos estímulos que chegam até mim, do tempo que tenho disponível, da vontade de fazer, de pedidos do público e dos recursos que possuo. As ideias surgem em várias ocasiões e na maior parte das vezes meu objetivo é fazer denúncias, um alerta sobre mensagens enganosas ou produtos que não são o que parecem. Mas priorizo aquilo que tenho condições financeiras de realizar.
O canal possui colaboradores? 
Uma estudante de jornalismo me ajuda com as notícias do site. Já contei com cinegrafistas em duas ocasiões e com um editor em um único vídeo. Mas a dona sou eu mesmo.

Francine mostra em seus vídeos o quanto é importante pensar no que está escrito nos rótulos (Foto: Reprodução/Youtube)

Como você diferencia os assuntos do site com os dos vídeos?

Atualmente uso os vídeos para atrair público para o site e posto eles lá também. O site vai concentrar todas as minhas produções.
Qual foi a melhor participação especial do canal?
Entrevistei meu ídolo Michel Pollan! Foi um árduo processo até conseguir agendar a entrevista, mas o resultado ficou incrível. Recebi a querida chef Paola Carosella em casa, e a receita dela é o vídeo de maior audiência disparada no canal. Também entrevistei o Otário e o Dr. Souto. Agora estou selecionando outros canais para trazer conteúdos mais variados em parceria.

E o que foi mais prazeroso nessa trajetória?
Acho que foi poder constatar que o tipo de discussão que eu proponho se tornou muito mais visível e valorizado. Virar pauta do Jornal Nacional foi uma bela conquista.
Quando você percebeu que o seu “produto” começou a dar certo?
O primeiro vídeo teve grande repercussão, foi até publicado em um blog da Superinteressante. Isso me motivou a continuar. Dei entrevistas e palestras em vários lugares. Soube que meus vídeos estavam sendo usados em salas de aula, indicados por nutricionistas e incluídos num curso com aval do Ministério da Saúde. O projeto está dando certo, mas falta o aspecto financeiro. O conteúdo entregue gratuitamente ainda não é economicamente viável.
O que significa o seu slogan “Você é o que você sabe sobre o que come”?
Significa que, para comer bem de verdade, e preciso ter acesso à informação confiável sobre a comida. E acreditar cegamente na indústria errada leva aos problemas de saúde e ambientais relacionados ao sistema alimentar que temos hoje, como obesidade, excesso de lixo, desmatamento e poluição das águas.
Francine está de peruca ruiva e olha para a câmera. Está cortando cebola e alho em um tábua na pia.
Francine Lima criou o canal em 2013, e atualmente possui 125 mil inscritos (Foto: Reprodução/Facebook)
Você acha que as empresas sabem informar o que elas estão oferecendo ao consumidor? Ou melhor, você acha que elas informam o que realmente elas estão oferecendo?
Não temos um bom sistema de controle da informação que chega ao consumidor. As empresas seguem a legislação, e esta tem falhas importantes. O jornalismo informa muito mais que os rótulos, mas ele está longe de ser o suficiente para informar o consumidor adequadamente. De modo geral, empresas ganham mais com a desinformação.
Acha que a indústria algum dia será capaz de mudar os seus “hábitos”? Tem algum modo de pressioná-las a fazer isso?
A indústria já está sendo pressionada a agradar ao consumidor mais atento. A Coca-Cola está comprando indústrias de suco e acaba de lançar uma marca de café para diversificar cada vez mais o seu portfólio. Sadia contratou Jamie Oliver pra falar bem dela. Seara contratou Alex Atala. União já tem açúcar orgânico. Muita coisa está mudando. A indústria responde ao que o consumidor pede, por meio do seu dinheiro. Se o consumidor começa a gastar mais dinheiro com água de coco do que com refrigerante, então mais indústrias vão vender água de coco. O mercado se move em direção ao dinheiro, sempre. Por isso eh tão importante mexer primeiro com a cabeça dos consumidores. O dinheiro é deles. Portanto a indústria vai mudar na direção do que o consumidor quiser comprar.

Quer seguir a Francine e o do “Campo à Mesa” para ficar mais informado sobre o assunto? Aí estão os links:

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