Feiras veganas movimentam a economia local

Feiras veganas e vegetarianas são alternativa econômica em cidades do interior

Segundo Festival Vegano
Segundo Festival Vegano em Marília (Foto: Marcos Piva)

Localizada a 450 km da capital paulista, a cidade de Marília tem recebido novas edições de feiras veganas e vegetarianas. Elas se tornaram frequentes nos últimos dois anos e atraem cada vez mais público. 

Além de instruir os participantes sobre as práticas do veganismo e vegetarianismo, há causas solidárias envolvidas em cada evento, geralmente através de doações para entidades do município. Fora a comida boa e saudável, as feiras também contam com apresentações artísticas, venda de roupas, livros e artesanatos. Conheça as feiras que movimentam a região!

 Feira Vegetariana Amandaba

Feira Amandaba em Marília
Amandaba em tupi-guarani significa círculo. Refere-se ao sentimento de união e solidariedade do evento (Foto: Trinca Ferro)

A feira teve início em 2016 e caminha para sua sexta edição esse ano. Ela é voltada para os vegetarianos, veganos e simpatizantes da dieta, mas mesmo quem não faz parte desse nicho, sempre comparece, seja para consumir ou apenas prestigiar.

O evento já faz parte da agenda da cidade, tanto que muitas pessoas que participam são de outros municípios da região, como Ribeirão Preto, Ourinhos, Tupã, e Echaporã.

Pessoas em feiras vegetarianas
(Foto: Trinca Ferro)

Rodrigo Más, idealizador da Feira Amandaba,  explica que o propósito é ajudar os empreendedores que trabalham com alimentos vegetarianos e que não fazem parte das “grandes vitrines”. Isso colabora com o rendimento dos comerciantes, já que as vendas na feira são bem significativas, podendo estabelecer novas redes de contato. Ele acrescenta que as pessoas que trabalham nesse ramo, normalmente compram de pequenos produtores, o que ajuda a fortalecer essa cadeia de negócios.

Rodrigo compartilha a ideia de que comer é um ato político. “Penso que o veganismo é a forma que menos agride o ecossistema e propõe também para as pessoas uma ação mitigadora no impacto ambiental através do consumo que hoje se faz exacerbado”.

Feira Marílias 

Feminismo e veganismo andam juntos
A feira é organizada por mulheres para mulheres (Foto: Paula Mello)

A feira teve início no mês de março deste ano e foi realizada pelo Coletivo Marílias, que atua fortemente na cidade. Com uma temática diferente, ligada ao empoderamento feminino, a feira expôs diversos produtos vegetarianos e veganos, mas o foco principal da ação foram as mulheres empreendedoras.

Além da economia e da conscientização sobre a alimentação verde, a feira garantiu espaço para o empoderamento feminino. O coletivo Marílias criou a feira de mesmo nome com o intuito de  mostrar quem são as marilienses e o que elas têm a oferecer para a comunidade, através de um espaço gratuito para a exposição de seus trabalhos. Durante a feira, também foram feitas palestras, oficinas culturais, apresentações musicais e de dança, todas realizadas por mulheres.

Feira vegana em Marília
(Foto: Paula Mello)

O que atraiu as expositoras de alimentos vegetarianos e veganos foi o conceito alternativo e empreendedor da feira. Elas tiveram a oportunidade de mostrar que esse tipo de alimentação saudável é tão saborosa e acessível quanto a convencional.

“Acreditamos que cada vez mais precisamos fomentar, em todas as áreas de nossas vidas, a economia criativa e a sustentabilidade, e a alimentação vegetariana/vegana está diretamente ligada a essa transformação”, afirma o Coletivo. O Marílias pretende realizar uma Feira a cada semestre, intercalado com outras atividades voltadas ao empoderamento feminino.

Segundo Festival Vegano de Marília

Segundo Festival Vegano de Marília
(Foto: Bruna Tastelli/Impacto Ambiental)

A segunda edição aconteceu no dia 11 de junho no Espaço Cultural da cidade. De acordo com os organizadores, o Festival surgiu a partir da necessidade de facilitar o acesso à essa alimentação, promover palestras e debates sobre o tema, trazer atrações culturais da região, e divulgar os empreendedores locais independentes.

O primeiro evento aconteceu um mês antes, e por conta do sucesso, rapidamente organizou-se outro, que inclusive teve que ser transferido para um local maior devido à grande quantidade de pessoas interessadas em comparecer.

Pastel vegano
(Foto: Marcos Piva)

Na primeira edição, o Festival contou com 13 expositores, e cerca de 500 pessoas circularam pelo local, obtendo uma média de venda de 95% a 100% do total dos produtos alimentícios a pronto consumo. Já a segunda edição contou com mais atrativos, como bazar, consulta de tarô e roda de conversa sobre veganismo.

Renata Menezes, uma das integrantes do bazar do Festival, vê a feira como oportunidade de renda, já que está desempregada atualmente. O bazar é composto de livros, óleos essenciais e desodorantes orgânicos, cadernos artesanais, ervas para banho, incensos naturais e brechó. “O que eu gosto é a questão de todo mundo vir junto se ajudar, e ter a possibilidade de conversar, trocar experiências, descobrir cores, cheiros e sabores no trabalho das pessoas”, afirma ela.

Economia e Conscientização

Mulheres empreendedoras brasileiras
1ª Feira Marílias (Foto: Paula Mello)

Cada vez mais, as feiras veganas e vegetarianas adquirem espaço e visibilidade nas cidades. Nos últimos anos, elas deixaram de ser apenas um evento para grupo específicos e se tornou um atrativo para toda população.

 Para o economista Eduardo Rino –  que atua há cerca de 40 anos na área – as feiras trazem muitos benefícios à população e, principalmente, à economia. 

Os expositores, além de aprimorar a qualidade dos produtos alimentícios, proporcionam para si e colaboradores, uma renda maior que até então não tinham acesso. “Esse nicho de mercado vem crescendo e a cidade não poderia ficar sem as feiras de oferta dos produtos para uma demanda crescente”, explica o economista.

feiras veganas e vegetarianas no interior
Exposição de produtos no Segundo Festival Vegano (Foto: Bruna Tastelli/Impacto Ambiental)

Rino acrescenta que apesar da grande influência da mídia sobre a crise no país, esse tipo de evento atrai um público significativo por conta dos benefícios da alimentação saudável, trazendo qualidade de vida aos consumidores, e menor índice de doenças.

A crise leva as pessoas a não consumirem certos tipos de produtos, mas não a compra de gêneros alimentícios imprescindíveis para a sua sobrevivência enquanto ser humano. Minimizam o consumo de certos produtos em troca de outros mais saudáveis, pois dessa forma não terão gastos extras com medicamentos.

famílias empreendedoras e veganas
Família Vieira durante exposição de seus produtos da “Cozzinha Artesanal” no Festival Vegano de Marília (Foto: Bruna Tastelli)

João Vieira trabalha com o projeto Cozzinha Artesanal junto com sua esposa e sua filha. A empresa possui uma variedade de alimentos integrais, inclusive com receitas austríacas. “Sinto que estou propagando o bem e sendo útil para o mundo fazendo meu trabalho, sem ser um peso para a Mãe Terra. Aqui nós divulgamos uma alimentação saudável em uma sociedade que não se alimenta bem”, relata.

Élida Dutra, integrante da empresa Raízes Veg, acredita na colaboração do veganismo para a melhoria do ecossistema, bem como da qualidade de vida das pessoas. “Os dados atuais mostram a partir do veganismo, a redução, por exemplo, de áreas utilizadas para agricultura, reduzindo a invasão de ecossistemas naturais”.

Ela ressalta que o veganismo não está limitado à questão da exploração animal para alimentação, mas também aborda uma área mais abrangente como itens de higiene, roupas, calçados, tatuagens e maquiagens.

Edição: Maria Gabriela Zanotti

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