Garimpo ilegal avança na Amazônia

Apesar dos esforços do novo governo, situação segue alarmante

Garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku em março de 2023 (Christian Braga / Greenpeace)

Por João Pedro Nieri

O combate ao garimpo ilegal em terras indígenas na Amazônia, em especial no território Yanomami, tem sido alvo de intensas ações por parte do governo federal. Um levantamento divulgado pelo Greenpeace nesta segunda-feira (11) revela que o garimpo continua a se expandir nessas áreas. Em 2023, a atividade destruiu 1.409 hectares de floresta somente nos territórios Yanomami, Kayapó e Munduruku, o equivalente a quatro campos de futebol por dia.

De acordo com o relatório, a Terra Indígena mais afetada foi a TI Kayapó, onde o garimpo provocou a abertura de 1.019 hectares de floresta apenas no ano anterior. Até dezembro de 2023, o território já acumulava mais de 15,4 mil hectares de áreas de garimpo.

O impacto da atividade também se faz sentir na Terra Indígena Munduruku, onde foram abertos 7 mil hectares de florestas, sendo 5,6 mil hectares nos últimos cinco anos. Os garimpos nesta região estão próximos a pelo menos 15 aldeias indígenas.

Jorge Eduardo Dantas, porta-voz do Greenpeace no Brasil, ressaltou a necessidade de reforçar as operações e fiscalizações não apenas na TI Yanomami, mas também nos territórios dos povos Kayapó e Munduruku, no Pará. Ele destaca que a vontade política não é suficiente para conter a destruição ambiental e social causada pelo garimpo ilegal.

A Terra Indígena Yanomami, por sua vez, acumulava até dezembro de 2023, 3.892 hectares de áreas abertas para o garimpo. Mesmo com as ações de fiscalização do governo, 239 hectares foram abertos para a atividade no último ano.

Os dados revelam que a abertura de novas áreas para o garimpo na TI Yanomami teve picos em janeiro, março e outubro de 2023, apesar do decreto de situação de emergência nacional no território feito pelo governo federal em 20 de janeiro do mesmo ano.

Segundo o MapBiomas, 92% dos garimpos ilegais no Brasil estão localizados na Amazônia. Apenas nos três territórios estudados pelo Greenpeace, são 26,4 mil hectares ocupados por garimpos, equivalente à área da capital de Alagoas, Maceió.

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